segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016


08 de fevereiro de 2016 | N° 18439 
L. F. VERISSIMO

Históricos 2

Há dias escrevi que as próximas eleições presidenciais americanas seriam históricas por vários motivos, e esqueci de citar alguns motivos. As campanhas já estão sendo históricas. Pela primeira vez, além de uma mulher, candidatos “latinos” concorrem à nomeação pelo seu partido, no caso deles o partido Republicano, que nunca teve os votos do eleitorado latino. E nem Ted Cruz, nem Marco Rubio estão fazendo feio nas pesquisas de intenção de voto. 

Cruz teve mais votos do que Donald Trump e venceu uma recente eleição “primária”, um pré-pleito estadual que não decide nada, mas serve para testar a disposição do eleitorado, no momento. Sua vitória mostrou que o favoritismo disparado de Trump para ser o candidato Republicano não era tão disparado assim.

Fora seus sobrenomes, a latinidade de Cruz e Rubio não significa muita coisa. Nenhum dos dois representa os interesses da comunidade, ambos são pelo controle da imigração e outras posições conservadoras com relação a minorias raciais. Enfim, não concorrem pela raça. É verdade que o conceito de raça, nos Estados Unidos, torna a categorização por cor complicada. 

(Para os americanos, a Gisele Bündchen não é branca, é “hispânica”.) E grande parte dos imigrantes tende a ser tão conservadora quanto a direita nativa, e seus filhos e netos preferem integrar-se a ser uma comunidade.

Bernie Sanders não faria história, se eleito para a presidência do país pelo Partido Democrático, apenas por ser um socialista declarado. Seria, acho eu, o primeiro presidente americano a tomar posse com quase 80 anos de idade. Seu mandato seria previsivelmente curto. E ele faria bem em seguir a receita de Ronald Reagan para a longevidade e um governo tranquilo: longas sestas, longas sestas...

Se havia dúvidas sobre a legitimidade do socialismo e as credenciais de Bernie Sanders para fazer história na Casa Branca, temos agora o depoimento de Lloyd Blankfein, que numa entrevista acaba de declarar que a eleição de Sanders seria um “momento perigoso” para a América. Quem é Lloyd Blankfein, você pergunta? 

É o CEO da Goldman Sachs, também conhecida como “a suspeita de sempre” quando se fala em falcatruas financeiras. Ela ajudou a quebrar a Grécia, e aparece com destaque no filme A Grande Aposta, sobre a fraude bancária que abalou o mundo, não faz muito. E está com medo do Bernie.

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