03 de janeiro de 2016 | N° 18403
CLÁUDIO MORENO*
OUTRA VISÃO SOBRE O ACORDO
Ao soar a última badalada da meia-noite do dia 31, o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa passou a ser obrigatório em todo o território nacional. E o que isso muda em nossa vida – na minha e na sua –, caro leitor? Eu mesmo respondo: “Nada”. Por um açodamento de nossas incultas autoridades, o Brasil já havia “queimado a largada” e determinado, quase três anos antes do prazo combinado com os demais acordantes, que nós outros deveríamos começar a observar as poucas alterações introduzidas. Meio a contragosto, fomos nos acostumando a elas, que são poucas e brandas.
Em primeiro lugar, nenhuma palavra teve letra suprimida ou acrescentada (no Brasil). Quanto à acentuação, (1) não se usa mais o trema; (2) não se acentuam os hiatos êe, ôo (agora se escreve voo, zoo, veem, leem); (3) os ditongos abertos éi, éu, ói só levam acento nas oxítonas (anéis, herói, mas heroico e ideia); (4) dos acentos diferenciais, só restaram pôde, pôr (v.) e fôrma (opcional), além dos plurais têm e vêm.
Os vocábulos compostos que tinham hífen continuam a ter (cachorro- quente, obra-prima etc.); a mudança importante (e para melhor!) foi com os prefixos: usa-se sempre o hífen antes do H (anti-herói, super-homem) e no encontro de vogais ou consoantes iguais (contra-ataque, mas contraordem, contragolpe; super-resistente, mas contrarrevolução).
O único problema é que esses três anos adicionais, concedidos pela presidente Dilma, deveriam ter sido empregados por alguma comissão especializada em revisar e aprimorar as regras da redação original. Jacaré revisou? Não. Nem eles – o que deixa ainda perigosamente instável o nosso sistema ortográfico.
O futuro dirá.
Professor e escritor*
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