terça-feira, 12 de janeiro de 2016



12 de janeiro de 2016 | N° 18412 
LUÍS AUGUSTO FISCHER

PARTES ÍNTIMAS


Quase não tem como eu ser mais fã da Cláudia Tajes, ao vivo e por escrito. Uma guria sensacional (nós, os cinquentões, tendemos a chamar “guria” qualquer uma que tenha nascido depois de nós, mas no caso da Cláudia o termo faz muito mais sentido do que isso, física e espiritualmente), com quem convivi por anos, uma vez por semana, no Sarau Elétrico – que por sinal continua, mais de 16 anos depois de ter sido inventado pela Kátia Suman, toda terça, 21h, no Ocidente, com leitura au point da melhor literatura e uma canja de arrasar. Em janeiro todo!

Mas a Cláudia: o caso é que ela, redatora publicitária por anos, fez parte do nosso time por um tempão, até que foi abduzida, por motivos de trabalho, pelo Rio de Janeiro, cidade que, vamos combinar, tem lá seus encantos. 

Daí que agora, tirando uma ou outra chance de revê-la, eu fico em eventual troca de e-mail e, mais que tudo, com a versão escrita e impressa da Tajes, que de vez em quando eu saúdo como “Tágides”– essa só os iniciados em Camões manjam, mas eu explico para o leitor ainda inocente do grande portuga: “Tágides” é como ele chamava as ninfas (hipotéticas, claro) do rio Tejo, que nasce na Espanha como Tajo. Está lá, no Canto I, estrofe 4.

Então é o seguinte: agora terminei de ler, aos goles, como convém, o novo livro da Cláudia (a Kátia a trata de Claudete – e por aí o leitor poderá ver que se trata de uma personalidade múltipla, ou melhor, de uma guria que é intensa e particularmente amiga de cada um de seus amigos, a ponto de merecer designação especial de cada um). Chama-se Partes Íntimas, saiu pela Arquipélago e, quer saber?, é um baita livro de crônicas.

Crônicas e memórias, crônicas e palpites, crônicas e esquetes. A Cláudia anda trabalhando agora como roteirista para teledramaturgia, e daí já viu: esse emprego e a verve sempre inteligente e pícara da autora se combinam com o excelente domínio do ritmo do texto, e o resultado é arrasador. Uma leitura agradável e aguda, que faz cosquinha na inteligência do leitor, colocando-o numa rica duma janelinha pra ver o movimento logo ali fora. Que parceria, meu.

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