29 de janeiro de 2016 | N° 18429
MOISÉS MENDES
O pôr do sol
Um programa de fim de semana dos paulistanos é ver o sol se pôr numa praça de Alto de Pinheiros, na zona oeste da capital. Li, em reportagem sobre o aniversário de São Paulo, que a Praça Coronel Custódio Fernandes é agora a Praça Pôr do Sol, por causa da beleza do que se vê.
E onde se põe o sol em São Paulo? O sol desaparece entre os edifícios. Os paulistanos correm aos domingos para a praça e se emocionam vendo o sol cair sobre os arranha-céus. Consolam-se com o que têm. Nem todos podem ver o sol se esparramar sobre as águas do Guaíba.
Tem gente que se contenta com qualquer coisa. Até com a queda do preço do petróleo. Até ontem, a grande confraternização da direita era sustentada pela tese de que o petróleo não vale mais nada. Mesmo sabendo que o fenômeno conspira até contra os investimentos em energias limpas, eles comemoram.
É a comemoração possível a quem se lambuza até com os discursos do Bolsonaro. O governo teria investido no pré-sal como a redenção nacional e agora não tem nada. Prometeu o que não existe. A direita festeja uma crueldade. Não haveria o dinheiro farto do pré-sal para a educação. Ontem, o preço do petróleo reagiu, o que frustra essa torcida. A perda de expressão econômica do pré-sal é o pôr do sol de muita gente. Como a direita ficou pueril.
Responda rápido: você acredita mesmo que o Mercado (sim, leitor, com maiúscula mesmo) está preocupado com você e com a inflação? O Mercado queria aumento dos juros e ficou beiçudo quando o Banco Central deixou tudo como está.
O Mercado é viciado em jurões, como aqueles de mais de 40% do tempo do governo tucano. Desde aquela época, o Mercado sempre quer tudo pra ele. Mas ainda há quem acredite que o Mercado é nosso aliado e está apreensivo com a carestia e os pobres e seus carnês do Split e das roupas das crianças.
Enquanto isso, saiu ontem que o lucro do Bradesco cresceu 13,9% no ano passado. Quanto cresceu o seu?
Lula deveria convocar a imprensa e anunciar que não concorre em 2018. Dilma estaria ao seu lado na coletiva para avisar que renuncia e entrega o governo ao Paulinho da Força (não é possível entregar ao Cunha ou ao Renan, que podem cair logo).
Paulinho assumiria a Presidência como força pacificadora e, numa imitação do que ocorreu em 1961, Zé Agripino seria aclamado primeiro-ministro. Ou isso ou a coisa não para mais. Entreguem logo o poder ao Paulinho da Força, antes que encontrem um quadríplex em Cidreira ou Marrakech.
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