segunda-feira, 11 de janeiro de 2016



11 de janeiro de 2016 | N° 18411 
MARCELO CARNEIRO DA CUNHA

PANTERAS SOMBRIAS


The Last Panthers se inicia ao som de David Bowie, e isso já diz muito da série. Incomum, com uma nuvem trágica se estendendo sobre os céus cinzentos da Europa que a gente nunca vê, aquela que fica pra lá de Bagdá, ou Budapeste, mais precisamente. The Last Panthers é uma coprodução europeia com um registro visual e narrativo muito fora do que estamos acostumados a ver. 

A cena da polícia francesa ocupando um enorme cortiço em Marselha, por exemplo, lembra demais The Wire, com a diferença de que aqui a polícia parece – mesmo – ser quem tem medo de estar ali.

The Last Panthers começa com um roubo de diamantes, um bom começo para qualquer coisa, ainda mais ao som de David Bowie, e não sabe mais onde vai parar. A série se desloca pela Londres onde vivem os que fazem o seguro de diamantes, passa pela França de onde os diamantes são roubados, e se enfia no lado escuro da força europeia, os Bálcãs, de onde não se costuma sair sem cicatrizes. Não é apenas o clima e a fotografia que são sombrios. Tudo, praticamente tudo mesmo, é. Se você for ver, leve uma lanterna, conselho de amigo.

A história é baseada em uma famosa quadrilha de ladrões de diamantes sérvios (os ladrões), The Pink Panthers. Claro que a referência ao clássico A Pantera Cor de Rosa é direta. O que não vai ter aqui é um Inspetor Clouseau assassinando a língua inglesa a cada duas sílabas. The Last Panthers não tem a menor paciência com o humor. Nada aqui tem graça, ou é de graça.

Se eu fosse vocês dava uma olhada. Eu sinto que The Last Panthers escapa das armadilhas usuais das séries, e o faz com muito vigor e qualidade. A gente, eu, você, o senhor aqui ao lado, nunca vimos nada assim. E isso, caros leitores, no mundo das séries, vale ouro, ou seu valor em diamantes. Veja, mas não sozinho, porque The Last Panthers tende ao assustador.

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