29 de janeiro de 2016 | N° 18429
ARTIGOS - ANA AMÉLIA LEMOS*
O RECORDE QUE NÃO NOS ORGULHA
Mais de 1,5 milhão de empregos com carteira assinada foram extintos no Brasil em 2015, no pior resultado anual dos últimos 24 anos. Esse recorde não nos orgulha. Somente em dezembro, 596,2 mil trabalhadores, a maioria chefes de família, ficaram sem salário, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A cada trimestre, o número de desempregados cresce, atingindo 9,1 milhões de trabalhadores, segundo o IBGE.
As projeções para este ano recém iniciado também preocupam. Estudos da Organização Internacional do Trabalho estimam que 700 mil brasileiros perderão seus empregos ao longo de 2016. A cada três desempregados, no mundo, um será brasileiro. A OIT projeta uma triste estatística social: 2,3 milhões de desempregados no planeta.
A deterioração do mercado de trabalho é o mais perverso efeito da crise econômica que o país enfrenta, penalizando a parte mais fraca da cadeia produtiva: o assalariado, que precisa prover a si e a família frente às necessidades básicas. A informalidade tem sido a alternativa para muitos trabalhadores, ante a falta de perspectivas em conseguir, no curto prazo, outro emprego com carteira assinada.
Sem acesso a benefícios, como seguro- saúde, vale-transporte e vale- alimentação, o desempregado acaba aumentando a demanda por esses serviços públicos. As empresas também são afetadas nesse processo porque, pressionadas pela recessão e queda na atividade, são forçadas à demissão de pessoal qualificado.
Empregos não são criados num estalar de dedos! Cabe ao governo, com urgência, adotar medidas para estimular o desenvolvimento e ativar o crescimento econômico, com novos empreendedores que possam garantir a oferta de emprego e renda para os trabalhadores e o resgate da dignidade daqueles que foram demitidos.
É preciso recolocar o Brasil nos trilhos, sem partidarismos ou ideologias, com o esforço das lideranças das nossas instituições. O governo não pode ignorar a gravidade da situação. Está faltando coragem, credibilidade e competência para medidas ousadas que possam garantir fôlego à economia sucateada e sem perspectivas!
Senadora (PP-RS)*
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