quarta-feira, 6 de janeiro de 2016


06 de janeiro de 2016 | N° 18406 
FÁBIO PRIKLADNICKI

FINJA ATÉ CONSEGUIR


Não chega a ser um sentimento raro, mas poucos o compartilham abertamente, talvez com justificado pudor. Soube de alguns casos ao longo da vida. É quando as pessoas se sentem fake, impostores não habilitados a desempenhar um determinado ofício ou tarefa: não se julgam com conhecimento suficiente para ministrar uma aula, com capacidade de liderança para assumir uma posição de chefia ou com experiência para prestar uma consultoria.

Refiro-me especificamente aos casos em que o sujeito tem a formação e as ferramentas necessárias, mas, mesmo assim, não se sente capacitado. Claro, sempre haverá alguém que julgamos melhor do que nós naquilo que fazemos, o que não quer dizer que tenhamos razão nessa percepção. Muitas pessoas poderiam estar no seu lugar, mas o fato é que você está lá naquele momento e vai dar o seu melhor.

Em uma palestra da série TED, a psicóloga social Amy Cuddy relata uma experiência traumática. Ela teve o cérebro afetado por um grave acidente, o que reduziu seu QI. Demorou quatro anos a mais que os colegas para terminar a faculdade. Pelas melhores universidades americanas, acompanhou-a o sentimento de que era uma impostora e não deveria estar lá. Talvez por isso ela tenha dedicado sua atuação profissional a entender os mecanismos de poder e autoestima.

Segundo Cuddy, a postura ajuda a moldar o pensamento. Assim, pessoas que exercitam, por pelo menos dois minutos, gestos de poder (mãos na cintura ou braços abertos) tendem a ser mais confiantes. Em um estudo que simulou entrevistas de emprego, os recrutadores tendiam a escolher os candidatos que foram orientados a exercitar, antes, posturas de poder, em detrimento dos que foram orientados a ficar encolhidos. O conselho de Cuddy é: finja até se tornar aquilo. Hoje professora de Administração de Harvard, ela garante que dá certo.

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