sábado, 2 de maio de 2015


03 de maio de 2015 | N° 18151
MARTHA MEDEIROS

Um novo arranjo

Afora o jogo explícito da sedução, mulheres podem sim surpreender um homem com flores, desde que seja oportuno

Semanas atrás, li na coluna da Celia Ribeiro, aqui mesmo na revista Donna, que uma leitora tinha dúvida sobre se era aceitável mandar flores a um homem. Celia respondeu com a sensatez de sempre: dependendo da situação e não sendo um buquê de rosas vermelhas, ok. Está certa. Rosas vermelhas são declarações de amor em estado vegetal. Melhor não bagunçar as regras do jogo: deixemos que eles mandem rosas. Já conquistamos tanto poder nas relações, vamos querer seduzir os rapazes com flores também? Desse jeito, vai sobrar o que para eles fazerem?

Mas afora o jogo explícito da sedução, creio que mulheres podem sim surpreender um homem com flores, desde que seja oportuno.

Exemplo de momento oportuno?

Se ele estiver no hospital... não. Leve algumas revistas, jornais. Leve frutas, chocolates. Isso considerando que ele não esteja na UTI – neste caso, leve apenas suas orações.

Se ele está festejando aniversário... acho que não. Dê a série completa de House of Cards. Um disco. Um livro.

Se ele está se formando... também não. Eu sei que presentes como caneta e agenda estão com a validade vencida, mas duvido que um garoto que acabou de sair da universidade vá querer receber astromélias, margaridas ou girassóis.

Se ele chamou para alguma comemoração, leve bebida. Não tem erro.

Se ele está autografando sua primeira obra, arraste para a livraria uma turma disposta a comprar vários exemplares. É isso o que ele quer: uma longa fila.

Se irá visitá-lo na cadeia (ué, gente), leve sabonete líquido, biscoito recheado, palavras cruzadas, ansiolíticos.

Então, quando seria oportuno? Vou dar um exemplo que vivenciei.

Um conhecido que mora sozinho resolveu fazer um jantar em sua casa para me apresentar seus amigos. Eu não conhecia sua casa e, sendo sincera, nem a ele muito bem, mas sendo um jantar com uma motivação relacionada a mim, não podia aparecer de mãos abanando. Sem me preocupar em ser original, pensei em levar uma garrafa de vinho. O problema é que ele era um grande conhecedor de vinhos e já havia decidido o que servir à mesa, ou seja, eu só atrapalharia seus planos. Foi então que, às três da tarde, horas antes do jantar, entrei numa floricultura, escolhi uma bela orquídea e mandei entregar na casa dele. Não tinha ideia sobre que efeito isso teria.

Teve um bom efeito. Outro momento oportuno, vivenciado por uma moça bem menos sutil, foi quando o noivo rompeu com ela, sem dar explicação, duas semanas antes do casamento. O rapaz recebeu em casa uma coroa de flores com uma faixa roxa onde estava escrito: “Descanse em paz”.

Se o clima for de velório, considere. Mas não espere encontrar essa dica numa coluna de etiqueta.


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