26
de maio de 2015 | N° 18174
EDITORIAL
REFORMA DA DISCÓRDIA
A
dificuldade do Congresso de levar adiante um projeto de reforma política é ilustrativa
da incapacidade dos parlamentares de ver além de seus próprios interesses. Há divergências
sobre questões essenciais entre partidos e, internamente, entre integrantes de
uma mesma bancada. Câmara e Senado não demonstram o menor entendimento sobre o
tema, reprisando um comportamento que tem caracterizado a discussão do assunto
nos últimos anos. Nesse ambiente, não surpreende que o debate passe ao largo de
questões decisivas para a moralização da política, como a redução do número de
partidos, para que sejam mantidos apenas os capazes de defender uma ideia
programática com um mínimo de coerência.
Um
dos assuntos mais discutidos, sem nenhum avanço, é o que se refere ao
financiamento de campanhas, cujas distorções estão, comprovadamente, na origem
da maioria dos casos de corrupção. A única novidade com alguma chance de avançar
é a exigência de que as doações sejam feitas a partidos, e não a candidatos.
Se
aprovada, a proposta reduziria ainda mais a transparência do processo,
confirmando as previsões de que uma reforma poderia piorar ainda mais o que já
é inaceitável sob o ponto de vista dos eleitores. Subsídios privados só existem
porque os financiadores de candidaturas oferecem suporte a quem poderá, no
poder, ser cúmplice de seus interesses.
Mesmo
que sistema nenhum esteja totalmente isento de riscos, o Congresso tem a chance
de considerar o financiamento privado apenas de pessoas físicas, dentro de um
certo limite a ser fixado em lei. Estariam criadas as condições para o início
de um maior controle das finanças de partidos e candidatos. Não fazer nada
significa compactuar com um modelo viciado, que corrompe e distorce a própria
democracia.
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