segunda-feira, 18 de maio de 2015


18 de maio de 2015 | N° 18166
DE FORA DA ÁREA | NÍLSON SOUZA

PUNIÇÃO COLETIVA. ISSO É JUSTO?

Editor de Opinião de Zero Hora aborda a eliminação do Boca Juniors, anunciada na noite de sábado pela Conmebol em consequência dos fatos ocorridos na noite de quinta-feira no clássico contra o River Plate, na Bombonera.

Foi injusta a punição para o Boca Juniors. Claro, os autores da boçalidade, os marginais que atingiram os jogadores do River Plate com gás de pimenta, ou seja lá o que for, esses merecem mais do que uma eliminação da Libertadores. Esses merecem cadeia. Cometeram um crime.

Deveriam ser proibidos de pisar num estádio de futebol pelo resto de suas vidas. O clube também poderia ter recebido multa ou algum outro tipo de sanção na dimensão exata de sua responsabilidade. Mas a eliminação da Libertadores não pune apenas os responsáveis pela barbárie, por ação ou omissão. Pune vários inocentes.

Que culpa têm, por exemplo, os jogadores que ralam nos treinamentos, passam a vida se preparando para um jogo importante, para uma competição sul-americana, e de repente se veem excluídos da disputa porque alguns débeis mentais resolveram agredir os adversários? Que culpa tem o torcedor que foi para o estádio apenas para celebrar e aplaudir ou vaiar? Que culpa têm os milhares de outros que não foram ao estádio, mas acompanham o clube de sua predileção? Todos foram eliminados.

Se há algo que não passa no meu senso de justiça é aquela máxima de que o justo deve pagar pelo pecador. Punição coletiva não é justiça, é arbítrio. Reflete muito mais a incompetência dos investigadores para apurar os verdadeiros culpados do que propriamente uma reparação. Sei que está no regulamento das competições, que na Europa também os clubes são responsabilizados pelo que fazem seus torcedores, ainda que as safadezas sejam cometidas por uma minoria. A punição coletiva pode até ser legal, mas é imoral.

O que fazer, então? Pior seria deixar os culpados impunes, contrapõem os que discordam da minha tese. Respeito essa visão. Mas tenho certeza de que nenhuma dessas pessoas se conformaria se fosse responsabilizada por um delito praticado por alguém da sua rua, do seu bairro ou do seu clube porque a autoridade, desconhecendo o verdadeiro autor, optou pela pena coletiva para não deixar o culpado sem punição.


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