terça-feira, 19 de maio de 2015


19 de maio de 2015 | N° 18167
DENTRO DE CASA TENSÃO E MEDO

FUZIL E MÁSCARAS PARA ASSALTAR EDIFÍCIO

QUADRILHA COM SETE pessoas invadiu prédio no bairro Rio Branco, amarrou moradores em um dos apartamentos e roubou dinheiro e joias de pelo menos três moradias. Ação, que demorou duas horas, ainda não tem suspeitos
O ataque protagonizado por homens usando máscaras de palhaço em um prédio de luxo no bairro Rio Branco, em Porto Alegre, na manhã de ontem, surpreendeu pela ousadia e calma com que agiram os criminosos.

Depois de ingressar no local pela garagem, como se fossem moradores, eles ficaram por duas horas dentro do Edifício Vivendas Bela Vista, onde saquearam pelo menos três apartamentos.

Com alto poder de fogo – eles carregavam pistolas, submetralhadoras e pelo menos um fuzil –, o grupo se movimentou no prédio de nove andares demonstrando conhecer a rotina, informações dos moradores e o que havia nos apartamentos. Para a polícia, é certo que eles tinham um alvo prioritário no local. Zero Hora apurou que seria um empresário. Do apartamento dele, foram roubadas joias e o maior valor em dinheiro do total que foi recolhido entre as demais vítimas.

O ingresso no edifício foi por volta das 7h. Dois carros entraram pela garagem, na Rua Liberdade, usando, provavelmente, um controle remoto – não está descartado que alguém possa ter facilitado a entrada do bando. De acordo com informações preliminares fornecidas à polícia, prestadores de serviço e até corretores de imóveis teriam acesso a esses controles. Há um apartamento para alugar no prédio. E há outro sendo reformado. O Vivendas não conta com serviço de empresa de segurança. O porteiro foi rendido e levado junto durante o ataque aos moradores, que foram todos reunidos no apartamento do terceiro andar e amarrados.

Além de agir com extrema calma e de portar armas pesadas, os criminosos tiveram o cuidado de esconder o rosto com máscaras, vestir luvas cirúrgicas e levar embora a CPU da central que capta imagens das câmeras de segurança do condomínio. O homem identificado como líder do grupo usava terno escuro e um distintivo, identificado por testemunhas como sendo da Polícia Federal.

O grupo se dividiu dentro do edifício. Enquanto uma parte mantinha os moradores rendidos e roubava bens nos apartamentos, outra monitorava os acessos do prédio, abordando também quem tentava sair ou entrar no Vivendas. Eles não agiram com violência, mas deixaram para trás vítimas nervosas e intimidadas, principalmente, receosas pelo grau de informação que demonstraram ter sobre a rotina dos moradores. Surgiram suspeitas ao menos em relação a um funcionário do condomínio.

POLÍCIA ANALISA IMAGENSDE CÂMERAS DE PRÉDIOS

Por volta das 9h, o grupo deixou o prédio em pelo menos dois carros. A saída foi registrada por câmeras de um prédio vizinho. Mas a imagem não permitiu a identificação precisa dos veículos. Policiais da 10ª Delegacia da Polícia Civil percorreram a pé possíveis trajetos que podem ter sido usados para a fuga dos criminosos, e listaram a presença de mais câmeras de segurança da região. As imagens serão solicitadas pela polícia. Até o final da tarde, só uma das vítimas havia feito registro na 10ª DP.

Por se tratar de ação de quadrilha organizada, a investigação do caso foi repassada, ontem à tarde, para a Delegacia de Roubos, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

O delegado Joel Wagner deve marcar depoimentos para os próximos dias. A polícia já está comparando detalhes da ação com outros ataques a condomínios na Capital ocorridos em anos anteriores a fim de verificar possíveis semelhanças que possam levar a pistas da quadrilha.

– Vamos ouvir vítimas e começar a comparar a ação com outras ocorridas – afirma.


adriana.irion@zerohora.com.br

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