sexta-feira, 22 de maio de 2015


22 de maio de 2015 | N° 18170
MOISÉS MENDES

A Seleção acabou

Sem Neymar, a Seleção seria para o Brasil pouco mais importante do que o time de beisebol. A Seleção acabou, é uma instituição falida. É a hora do surfe.

Dirão que o surfe é esporte de quem mora perto do mar. Talvez seja. Mas quem mora perto de um campo ou de uma quadra de futebol hoje (não vale a quadra precária do colégio)? Quem, nas vilas, dispõe de uma quadra em condições de uso? Os campinhos de futebol não existem mais, e as quadras, algumas de asfalto, caem aos pedaços.

Quem vai aos estádios? Você vai? Alguém da família vai? Por que os estádios, com exceção de um Gre-Nal, estão tristemente vazios?

Sem Neymar, a Seleção seria tão importante quanto o time da peteca. Ainda mais agora, que o país ficou sabendo da maracutaia, firmada em contrato, da CBF com grupos estrangeiros que patrocinam o futebol. Dois grupos mandam na escalação da Seleção.

Uma escalação somente será validada se, 15 dias antes, for encaminhada às empresas que organizam os amistosos da CBF. O Brasil vendeu a Seleção a especuladores. Talvez assim se entenda por que um cara que joga na Ucrânia, de quem você só ouviu falar por causa da guerra da Crimeia, é convocado pela Seleção.

Está tudo denunciado em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Por dinheiro, escala-se quem as empresas acham que deva ser escalado.

O Estadão deveria investigar mais. Não para que aconteça alguma coisa, porque não vai acontecer nada. Mas para que se fique sabendo como se dá a promiscuidade entre clubes e empresários. Como as empreiteiras se adonaram dos estádios. Como pernas de pau andam de um time para outro, sem que se saiba direito o que fazem ali. Como os mesmos técnicos, sempre os mesmos, repetitivos, gastos, medíocres, ganham fortunas.

Merecemos saber mais da Seleção, que já não merece a precária relação de afeto que ainda mantém com o povo. A Seleção nos engana, desde muito antes do 7 a 1 contra a Alemanha.

Chega de Seleção. Ganhamos cinco Copas, está bom assim. A Seleção é a expressão de um civismo do século 20. Vamos nos agarrar a outros personagens que possam se encarregar de suprir as nossas identidades. Mais Rafael Medina, mais Mineirinho, mais Filipinho.


Deixem Neymar brilhar no Barcelona. E quem quiser, no desespero, que se agarre a enganos de outras áreas, como o Anderson Silva.

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