quinta-feira, 14 de maio de 2015


14 de maio de 2015 | N° 18162
CIRCUITO GLOBAL


O futuro é logo ali

EXPOSIÇÃO FUTURE PERFECT apresenta artistas internacionais atuantes na Alemanha

A exposição que o Goethe-Institut leva ao Memorial do Rio Grande do Sul mostra um pouco os trânsitos geográficos em escala global da arte contemporânea que circula por bienais, museus e instituições internacionais. Future Perfect, com abertura hoje, às 19h, é uma mostra promovida pelo Instituto das Relações Exteriores da Alemanha (ifa).

Já passou por Varsóvia (Polônia) e Kaliningrado (Rússia) e chega a Porto Alegre com o subtítulo Arte Contemporânea da Alemanha. São apresentadas obras de 16 artistas que vivem e trabalham em território alemão, mas entre eles há nascidos no Irã, no México, na Dinamarca, na Grécia, na França, na Itália, em Israel e no Vietnã.

– Alguns dos artistas têm histórico de migração, seja para estudar ou também para viver. Berlim ainda parece ser um dos lugares mais atraentes no mundo para artistas – diz o alemão Philipp Ziegler, um dos curadores da exposição. – Por essa razão, escolhemos “Arte da Alemanha” para o subtítulo da exposição e não “Arte alemã”.

Com instalações, filmes, fotografias, esculturas, objetos e pinturas, Future Perfect parte de uma ideia sugerida em seu título: a de um futuro já consumado. O tempo verbal é tomado como descrição de eventos que aconteceram antes de um tempo de referência no futuro. Assim, ajuda a pensar como os artistas especulam sobre o porvir.

– Podemos entender esses trabalhos a partir de como nos relacionamos com o futuro, seja agindo ou imaginando – diz Ziegler.

É o caso do dinamarquês Henrik Olesen. Na obra A.T., ele apresenta um amplo painel com uma espécie de dossiê sobre a história trágica de Alan Turing (1912 – 1954), o matemático inglês vítima de preconceito por ser homossexual que morreu sem ser reconhecido por seu legado. O futuro, no caso de Turing, poderia lhe reservar outro destino? Há também artistas que colocam em circulação referências locais.

O italiano Armin Linke, que documenta os efeitos da globalização em viagens pelo mundo, apresenta o filme Alpi. Nos Alpes da Europa, ele pesquisa como a natureza é explorada, industrializada e usada para turismo e entretenimento, atentando à interferência do homem. Já o trabalho do alemão Nasan Tur incita a participação do público. Suas mochilas cheias de traquitanas podem ser carregadas pelos visitantes para fora do Memorial do RS.

– São kits de ferramentas para expressar sua opinião, protestar ou até cozinhar em público. Na Rússia, dada a situação política, foram muitos usadas – diz o curador.


francisco.dalcol@zerohora.com.br

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