Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 8 de novembro de 2008
09 de novembro de 2008
N° 15784 - MARTHA MEDEIROS
Caça às bruxas
É uma cena clássica: o homem vê um belo exemplar de fêmea caminhando pela calçada. Ela está de costas pra ele. Um corpo ótimo, cabeleira até a cintura. Uma gatinha. Então ele passa por ela, vira para ver o rosto e surpresa: não é uma gatinha, é uma mulher de mais de 40 anos. De corpo ótimo e cabeleira até a cintura, e daí?
Daí que essa cena me parece meio macabra. Um homem maduro não se importaria, mas um garoto de 17 se sente enganado, já que se convencionou que mulheres, depois de uma certa idade, precisam tomar juízo e aparar as melenas, caso contrário, correm o risco de receber uma vassoura e um caldeirão de presente.
Ainda assim, mesmo com toda a campanha para que os cabelos subam à medida que o corpo cai, é um sacrilégio pedir que as mulheres tosem os cabelos por força da “adeqüação”. Ora, que os cortem por causa da moda, da tendência, da renovação, mas não por imposição social.
Legislando em causa própria de novo?
Pois é. Nasci carequinha, e carequinha fiquei por anos, apenas com umas mechinhas ralas, pífias, com as quais eu nada podia fazer. Na adolescência, o cabelo não era lá muito farto também. Não crescia. Eu olhava para aquelas meninas de cabelão liso, escorrido, brilhoso, e pensava que Deus não era justo. Foi mais ou menos nessa época que abandonei a Igreja e comecei a rezar pelo Capilax.
Mais tarde, só bem mais tarde, é que meu cabelo cresceu e apareceu, e eu fiz as pazes com o Senhor. Finalmente longo, eu podia fazer o que bem quisesse com ele, de rabo-de-cavalo a coque, mas eu quase sempre o deixava solto, e solto ele seguiu comigo. Hoje, não chego a ser uma rapunzel, mas ainda o mantenho abaixo do ombro.
Cortar não precisaria ser uma idéia torturante. Bastaria a gente se inspirar no que acontece no outro lado do mundo. Na Europa, o cabelo comprido foi abolido das cabeças femininas. Em Londres, não há uma única mulher com fartura capilar. Nenhuma. Todas elas possuem um visual moderno, limpo e atualizado. Não se avista uma única Perla num raio de mil quilômetros.
Cabelão é coisa de peruana, mexicana, brasileira. Os homens gostam, dizem. E a gente se apega, faz trança, joga para um lado, puxa para trás: um exagero de cabelo, bem a nosso gosto latino. Pra quê? Não é para manter a juventude, já que cabelo curto é que remoça. Só pode ser por amor às tradições. Apego ao passado. Culto à Iracema. Uma alma ancestral.
Ou é por covardia, mesmo.
Com que idade você acha que uma mulher deve se livrar das suas melenas históricas? Se você responder que nunca, eu pego minha vassoura e vou aí agradecer pessoalmente.
Excelente domingo, especialmente a você
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