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quinta-feira, 6 de novembro de 2008
06 de novembro de 2008
N° 15781 - LF VERISSIMO
Diferenças
Ben Bernanke, dirigente do Federal Reserve, o banco central americano, é um estudioso da Grande Depressão de 1929. Especializou-se na matéria e escreveu mais de um livro a respeito. Deve estar sentindo o mesmo que sentiria um medievalista que um dia acordasse na Idade Média, um misto de euforia intelectual e pavor.
Vai poder reviver – in loco, por assim dizer – o período que o fascina e testar suas teses a respeito, mas sem saber se sua informação privilegiada sobre as causas do desastre ajudará a impedir a repetição das conseqüências.
Outros estudiosos do passado com a mesma chance adorariam poder chegar no ouvido de César e sugerir “Não vá ao Senado hoje” para evitar seu assassinato, ou corrigir decisões erradas e escolhas fatais que determinaram o curso da História. Já Ben Bernanke lembra mais um especialista no naufrágio do Titanic que um dia acorda no passado – a bordo do Titanic indo a pique!
Dizem que tem gente em Wall Street agarrada ao parapeito só esperando uma definição semântica para decidir se pula ou não pula: afinal, isto é uma depressão ou uma recessão? Mas uma das diferenças entre 29 e hoje é que não se tem notícia de gente pendurada em parapeitos em Wall Street.
Ou a situação não é tão grave, ou há a convicção generalizada – que não existia no auge do “laisser-faire” em 29 – de que, aconteça o que acontecer, o setor financeiro será socorrido, como foi em todas as crises do capitalismo desde então. E que ninguém precisa se esborrachar na calçada ou praticar haraquiri, se não for japonês.
Há outras diferenças óbvias. Em 29, o fascismo crescia na Europa, em grande parte como reação à ameaça que vinha da União Soviética e de movimentos esquerdistas em várias partes do mundo, inclusive nos Estados Unidos.
Historiadores da época concordam que a tolerância inicial com o histriônico fascismo italiano e com os primeiros avanços de Hitler sobre a vizinhança, no que viria a ser chamada de “a guerra de mentira”, se deu porque Mussolini e o “socialismo” nazista tinham se adiantado ao comunismo e encampado a insatisfação popular provocada pela crise européia.
Depois de 29, veio Hitler, veio o governo intervencionista de Roosevelt para salvar o capitalismo americano de si mesmo e veio a II Guerra Mundial, que apesar dos seus horrores também contribuiu para apagar as seqüelas da Grande Depressão.
Não há nada parecido com nada disso no horizonte desta crise que nem sabe dizer seu nome exato. Suas conseqüências nem o Ben Bernanke pode adivinhar, mas o mundo é decididamente outro.
Sem querer, claro, parecer o construtor do Titanic, para quem seu navio era a prova de qualquer tipo de desastre já conhecido.
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