quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008


RUY CASTRO

Lendas e mitos da bossa nova

RIO DE JANEIRO - Enquanto aqui é Carnaval - só de blocos, o Rio botou mais de 400 nas ruas de quinta-feira até ontem-, é bossa nova em plagas mais amenas.

Alheias ao couro que come na cidade, pessoas de toda parte escrevem para dirimir suas dúvidas sobre o gênero.

Quem inventou a bossa nova? Onde? Como? Quando? Por quê? Nenhum outro ritmo desperta tanta curiosidade.
Por um lado, isto não é mau.

Denota um certo sentimento de culpa, pelo fato de o Brasil ter passado os anos 70 e 80 ignorando a bossa nova. Denota também desinformação -porque, se há um tipo de música tão esmiuçado de 1990 para cá, é a bossa nova.

Mesmo assim, certas lendas a seu respeito continuam mais difíceis de matar que Rasputin. Eis aqui algumas, com as versões corretas.

"A bossa nova era cantada baixinho por ter nascido nos apartamentos de Copacabana". Primeiro, ela não nasceu nos apartamentos. Segundo, cantá-la baixinho já fazia parte de sua proposta.

Aliás, os tais apartamentos em que alguns artistas se reuniam, como o de Nara Leão, o do casal Dulce e Bené Nunes e outros, eram de classe média alta, com salas enormes, paredes grossas e, mesmo que eles tocassem alto, não incomodariam ninguém.

"O primeiro show de bossa nova aconteceu em 1958 na Hebraica, em Laranjeiras". Não, não foi no famoso clube. Foi no Grupo Universitário Hebraico, uma modesta associação de estudantes no Flamengo.

"O Beco das Garrafas tinha esse nome porque os vizinhos jogavam garrafas sobre o público que ficava do lado de fora das boates".

Nesse caso, a pontaria dos moradores dos dois edifícios que formam o beco era lamentável -porque uma garrafa atirada lá de cima seria a morte imediata de quem a levasse na cabeça. E ninguém jamais morreu no Beco com uma garrafa na cabeça. Nem de Crush.

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