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sábado, 9 de fevereiro de 2008
10 de fevereiro de 2008
N° 15506 - Comportamento
Vai um super-humano aí?
Falo daqueles com capacidade de fazer coisas fora do comum, capazes de deixar os olhos brilhando e os queixos caídosSabe aqueles verões que só faz chover?
Sim, tenho certeza de que você sabe. Pois foi em um desses - embora distante em tempo e espaço - que a coisa se passou. Primeiro, o local e a data: 1816, em um castelo às margens do Lago Genebra, na Suíça.
Depois, o elenco: o milionário e letrado dono da casa, os dois maiores poetas românticos da história da literatura inglesa e a mulher de um deles, uma adolescente de 19 anos.
Confinados no castelo por causa da chuva, como você e eu em nossas casas de praia no final de semana passado, o quarteto resolveu jogar. Mas não cartas, que isso é coisa de gente normal como nós. Apostaram eles qual dos amigos seria capaz de escrever a história mais assustadora.
Naquela madrugada, a garota, a azarona da competição, usando sua imaginação e seu talento, escreveu o clássico de horror Frankenstein e derrotou seus companheiros de aposta, entre eles ninguém menos do que seu futuro marido, o poeta Percy Shelley, e o melhor amigo dele, Lord Byron.
Certamente essa menina não era uma pessoa qualquer. Há algo que ela tinha que nós certamente não temos, por mais que chova na nossa horta e nas nossas férias.
Se Mary Shelley seria considerada um dos super-humanos pelos cientistas eu não sei, mas que eles existem, existem. Falo daqueles com capacidade de fazer coisas fora do comum, capazes de deixar os olhos brilhando e os queixos caídos.
São pessoas que possuem em seu DNA algo que a ciência já conseguiu mapear e está tentando isolar. Não, não andei lendo X-Men - nem Frankenstein - entre uma chuva e outra desse Carnaval.
O que eu fiz foi assistir a um documentário que mostra que a ficção pode estar bem mais próxima do que você imagina. Super-Humanos, exibido pelo Discovery Channel, contou a história de pessoas que, na Inquisição, certamente teriam parado na fogueira.
O turco Esref nasceu sem os dois olhos e mesmo assim é capaz de pintar paisagens cheias de luz, sombra e, o mais incrível, com a complexa perspectiva de três pontos. O holandês Win Hof, conhecido como Homem Gelo, suporta temperaturas absurdamente baixas sem tremer o queixo ou congelar seus membros.
O alemão Rüdiger faz cálculos de até 60 dígitos de cabeça. E a suíça Elisabeth vê cores e sabores cada vez que ouve um som, qualquer som, de sonatas de Brahms ao ganido de um cão, sem falar, é claro, nos pingos de chuva (que ela escreve como saborosos e coloridíssimos).
O documentário, em clima de história em quadrinho, traz ainda o geneticista chinês Bruce Lahn. Ele faz experiências em camundongos para isolar os genes dos superpoderes e, quem sabe, aplicá-los em futuros filhos de milionários.
Segundo o Dr. Lahn, em breve teremos, ao lado da pirâmide social, uma pirâmide biológica, onde os mais ricos poderão escolher os superpoderes dos seus descendentes.
Começo a me imaginar no consultório do Dr. Lahn:
- Doutor, dá pro meu filho controlar o aquecimento global? Sim? Nossa, que ótimo... Mas, pensando bem, isso deixaria ele muito estressado, não? Ah, já sei, quem sabe o senhor coloca aí no DNA um pouco da capacidade de fazer os políticos serem menos sem-vergonha... Impossível? Hmmm... Superlindo? Não, muito fútil. Ai, que difícil... Olha, eu vou pra casa assistir a uns filmes e depois volto aqui, tá?
Faça esse exercício e depois me diga se foi fácil pensar em um dom para o seu futuro rebento. Você certamente vai concordar comigo que recriar o ser humano é coisa para o Dr. Frankenstein.
Aliás, é isso: eu me daria por satisfeita se o supermercado oferecesse, em suas prateleiras, o gene que Mary Shelley certamente tinha: o de criar super-histórias. Já o resto, que continue chovendo no campo da ficção.
Escritora, autora de Ménage à Trois, entre outros títulos
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