Como seduzir uma japonesa
Diante da escassez de noivas, solteiros fazem curso para aprender a conquistar mulheres
[PRIMEIRA LIÇÃO]
Combinar as cores e "parar de comprar roupas no supermercado", diz a instrutora
Estendida na parede da sala de aula, uma faixa com letras grandes convida: "Vamos polir o homem que mora dentro de você: as chaves para fazer sucesso nos encontros". Na platéia, estão quatro homens com idade entre 29 e 35 anos, todos solteiros. É a terceira palestra que o professor Kiyoharu Ohashi, diretor da Escola de Noivos de Nagoya, faz na cidade de Ikeda a convite da prefeitura local.
Há quatro anos, Ohashi dá cursos em que ensina a homens ansiosos por deixar o celibato noções de moda e "técnicas de conversação" – o ponto fraco dos japoneses em matéria de sedução, segundo ele.
Dessa vez, Ohashi trouxe instrutoras para ajudá-lo. A platéia, minúscula, está muda e tensa. A primeira instrutora começa por relacionar temas que podem render "boas conversas".
De acordo com o professor Ohashi, escolher sobre o que vai falar é uma das principais dificuldades relatadas pelos alunos. "Ao contrário das mulheres, que lêem revistas e vão a restaurantes da moda com as amigas, os homens japoneses só trabalham.
Na hora de um encontro, não têm assunto." A instrutora sugere que os alunos comecem por perguntar às mulheres em que cidade nasceram. Para efeito de treino, propõe simular diálogos com os participantes. O primeiro se recusa. O segundo desiste logo no início.
O terceiro segue a sua orientação e começa perguntando de onde ela é. "Kioto", responde a instrutora. Ele leva a mão ao queixo e permanece vários segundos em silêncio balançando afirmativamente a cabeça, até que, finalmente, diz: "Ah, Kioto... Tem muita violência em Kioto, não?".
A instrutora salta da cadeira, levando as mãos à testa: "Não, não!", exclama, enquanto os demais riem. "O comentário deve ser agradável!" O participante enrubesce.
Outro exercício consiste em aprender a sorrir no momento de cumprimentar uma mulher – tarefa que pode ser das mais complicadas para um japonês.
Parte por timidez, parte por tradição, muitos homens costumam apresentar-se às mulheres com a cara mais fechada possível. "Isso assusta", informa a instrutora.
Depois de distribuir espelhos aos participantes, ela pede a eles que exercitem alguns músculos faciais, de modo a "relaxá-los e aprender a dar um sorriso natural". I. Matsuoka – 32 anos, funcionário de uma empresa de construção que, como os demais participantes, afirma ter-se inscrito no curso "por curiosidade" – concentra-se diante da própria imagem, move alguns músculos do rosto para baixo e para cima e logo desanima: "Muzukashi" ("difícil"), diz. Ohashi concorda.
"Assim como não foram treinados para sorrir, os japoneses não foram ensinados para atrair uma mulher e nem mesmo para ser agradáveis com ela", diz. Agora, diante da concorrência apertada, correm o risco de ficar para titios.
Floresta de néons
Luzes, telões, letreiros – e gente, gente, gente por todos os lados: na capital japonesa, a cidade mais populosa do mundo, é impossível parar para amarrar os sapatos na rua sem ser soterrado pela multidão.
A Grande Tóquio abriga 33 milhões de habitantes e sua população, ao contrário do que ocorre no Japão como um todo, não pára de crescer.
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