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sábado, 29 de dezembro de 2007
30 de dezembro de 2007 | N° 15464
Moacyr Scliar
Foi tão bom para você quanto foi bom para mim?
Quem pergunta espera uma resposta, e no jogo pergunta-resposta está a chave para uma sábia e gratificante convivência
Durante alguns anos o ator americano Dom DeLuise apresentou na tevê um famoso programa chamado "Candid Camera", na qual pessoas eram submetidas a situações embaraçosas que, depois descobriam, estavam sendo gravadas para o show.
Para evitar que essas pessoas ficassem contrariadas ou furiosas, encerrava-se a gravação com uma frase famosa: "Sorria, você está no Candid Camera".
DeLuise encerrava o programa com uma pergunta que ficou igualmente famosa: "Was it good for you as it was for me?", ("Foi tão bom para você quanto foi bom para mim?").
Esta pergunta, crucial na relação entre seres humanos, revela ao mesmo tempo a nossa grandeza e a nossa fraqueza. A grandeza está em perguntar, em se interessar pelo que o outro sente. Perguntar, de modo geral, é bom.
Perguntar não ofende; ao contrário, revela abertura. Quem pergunta espera uma resposta, e no jogo pergunta-resposta está a chave para uma sábia e gratificante convivência.
Não é demais lembrar que, na Bíblia, Deus freqüentemente se dirige aos humanos sob a forma de perguntas. Cujas respostas, o Senhor, que é onisciente, obviamente já sabe; se pergunta é exatamente para dar aos seres humanos a chance de responder. É para manter o diálogo divino-humano.
"Foi tão bom para você quanto foi bom para mim?" Há pelo menos dois momentos em que esta pergunta é pertinente. O primeiro, ao final de uma relação sexual.
O segundo momento é este que estamos vivendo: o final do ano. Mas para quem perguntar? Quem é o nosso interlocutor nesse diálogo?
O ano, claro. "Foi tão bom para você, 2007, quanto foi para mim?"
Certas condições precisam ser preenchidas para que esta pergunta seja respondida. A primeira: é preciso que terminemos o ano bem, que, olhando o período em retrospecto, possamos dizer:
de fato, este foi um bom ano, uma afirmativa que não é fácil de fazer, porque a nossa vida é feita de bons e maus momentos, momentos de alegria e momentos de tristeza, momentos de glória e momentos de miséria moral.
Em segundo lugar, é preciso que 2007 nos imite e faça uma avaliação do que aconteceu nesses 365 dias.
De novo, tarefa difícil. Sim, houve crescimento econômico, mas a distribuição de renda continua ruim. Sim, há mais comida, mas a obesidade aumentou. Sim, há mais carros nas ruas, mas os acidentes de trânsito cresceram exponencialmente.
"Foi tão bom para você quanto foi bom para mim?" O casal deitado na cama, ainda ofegante, ele ou ela (em geral ela; a iniciativa da pergunta mais freqüentemente é do homem) não terão dificuldade em responder.
Porque sexo é coisa orgânica; aí fala forte a voz do corpo e o corpo não mente. A vida em geral é mais complexa. Mas vamos simplificar as coisas.
Vamos partir do pressuposto que, avaliados os prós e os contras o resultado foi positivo e que lembraremos 2007 como um bom ano. Quanto ao mais: sorriam, amigos, vocês estão no Candid Camera.
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