quinta-feira, 20 de dezembro de 2007



20 de dezembro de 2007
N° 15454 - Paulo Sant'ana


Os mortos do trânsito

De vez em quando, dou voz aos leitores. Este primeiro que me escreveu será publicado a propósito da campanha ontem lançada pela RBS para salvar vidas no trânsito.

Fala exatamente sobre uma das causas principais dos acidentes com mortos e feridos: a inabilitação de inúmeros jovens para dirigir. Ei-los:

"Querido SantAna. Leio tua coluna sempre em Zero Hora e te vejo no Jornal do Almoço. Hoje, quando deparei com o número de 379 pessoas que morreram no nosso trânsito, tomei a liberdade de te mandar este e-mail, pois tenho uma das soluções para o caos que se instaurou, a história é a seguinte:

Tenho dois filhos, um de 20 e outro de 18 anos. O mais velho tirou a carteira de motorista um tempo atrás, e eu ingenuamente acreditei que as aulas de volante seriam suficientes para que o mesmo tivesse condições de dirigir no trânsito de Porto Alegre. Ledo engano, pois no seu primeiro passeio ele demoliu o meu carro, não estava correndo e o evento se passou num cruzamento pelo qual ele a vida toda passou.

O guri ficou traumatizado e eu, com toda a paciência, depois que o carro voltou do conserto, acompanhei-o nas suas próximas saídas, hoje ele já dirige bem, e eu não preciso acompanhá-lo.

Como o meu segundo filho fez 18 anos, foi tirar a carteira de motorista e também quis sair sozinho. Não deixei, com medo de que acontecesse novamente a tragédia.

Certo fiz eu, pois mesmo ele sendo um dos melhores alunos da auto-escola, mesmo passando de primeira, as noções de trânsito, o comportamento como motorista, ele não os assimilou.

Resultado: se eu não o tivesse acompanhado e o tempo todo dando pitacos e ensinando efetivamente o menino a dirigir, mais um acidente teria ocorrido.

Vejo pela idade dos mortos que são na sua grande maioria jovens, provavelmente inexperientes, que acham que sabem dirigir, afinal foram habilitados pelo Detran, que se matam, por não saberem dirigir.

O Detran é responsável pela grande maioria dos acidentes que ocorrem, pois os pais, enganados como eu, concluem que seus filhos sabem dirigir, largam seus filhos sozinhos e o pior acontece.

Em resumo: pagamos caro pelas carteiras de motoristas, os estudantes têm mais teoria que prática e saem crus pelas ruas, sem o mínimo de condições de dirigir, se não tiver ninguém supervisionando, batem o carro e muitas vezes perdem a vida.

Falo sobre Porto Alegre. Imagine você que um deles vá dirigir na BR-386 ou na BR-101! A tragédia é anunciada. O Detran exige horas-aula, mas não dá as mínimas condições de as pessoas dirigirem principalmente numa cidade grande como Porto Alegre.

Eles fazem horas-aula em carros 1.0, e em casa tem carros 1.8 ou 2.0, não preciso te dizer mais nada.

Outro fato interessante é que eles não conseguem nem seguir as linhas que delimitam as pistas. Que tipo de motoristas o Detran está formando?

Como és um homem público, formador de opinião, caso aches o assunto relevante, te peço que levante esta lebre, pois senão nossos filhos continuarão a morrer em acidentes de trânsito, muitas vezes não sendo sua a culpa, e sim de um Detran que não forma motoristas e sim vítimas e provavelmente suicidas.

Desculpa a minha intromissão. Com meu carinho e admiração (apesar de ser colorado), (ass.) Rubens Godecke (rubensg@hotmaill.com)"

"Caro Paulo, estou sendo assaltado! Como se já não bastassem os inúmeros tributos que os governos nos cobram no dia-a-dia, agora tive a desagradável surpresa no IPVA ; o seguro obrigatório subiu 70%.

Ano passado paguei R$ 181, este ano passaram para R$ 254. E ainda falam em falta de dinheiro, para onde vai tudo que pagamos? (ass.) Reinaldo Ferra (reinaldocbs@hotmail.com)".

Nota do colunista. No caso, parece que este dinheiro não vai para o governo. Mas é um roubo, um assalto reajustar o seguro obrigatório em 70% de um ano para outro, se o senhor não estiver enganado. Todo mundo rouba do povo neste país.

"Caro SantAna. É fácil entender a longa duração do orgasmo do porco e da transa do javali. Eles nunca fumaram. Abraço. Heitor Monteiro Lima (hmll@via-rs.net)".

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