Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
19 de dezembro de 2007
N° 15453 - David Coimbra
Odeio a operadora Bombom!
Dia desses, recebi a ligação de uma operadora de telefone celular, e isso encheu-me de alegria e de prazer e de beatitude plena e cabal. Não é espantoso? Não é surpreendente?
Todas as pessoas odeiam receber ligações de operadoras de celular, e eu adorei. Essa operadora que me telefonou tão amavelmente, vou pespegar-lhe um pseudônimo, para não usar o jornal em vendeta pessoal. Digamos que fosse a Operadora Bombom. Bom.
Acontece que fui cliente da Operadora Bombom, durante quatro anos tive um de seus aparelhos celulares. Cancelei o contrato por diversos problemas que não cabe aqui especificar, o fato é que me irritei tanto com a Operadora Bombom, mas tanto, mas tanto, que insisti para encerrarmos a nossa relação para todo o sempre, amém.
Aí, depois de um ou dois meses de contrato rompido, eu já nos braços macios de outra operadora, recebi aquela ligação da Operadora Bombom. Exultei.
- Que bom que vocês estão me ligando! - disse para a moça. - Até gostaria que essa ligação fosse gravada. Vocês gravam as ligações às vezes, não é?
- Gravamos, sim, senhor.
- Pois então gostaria que essa ligação fosse gravada, e até bem gravada, poderia ser gravada por dois gravadores, inclusive.
- Pois não!
- É que, sabe o que que é? É que todos os dias eu penso na Operadora Bombom.
- Que maravilha, senhor. Então gostaria de oferecer nosso plano...
- Peraí, peraí. Deixa eu terminar. Todos os dias eu penso na Operadora Bombom. Quando me acordo, de manhã, olho para o teto branco do quarto e penso: "Senhor Deus dos Exércitos, como odeio a Operadora Bombom!".
Depois, durante o dia, cada pessoa com a qual falo, e, acredite, falo com dezenas de pessoas por dia, pois para cada uminha dessas pessoinhas eu falo mal da Operadora Bombom. Na verdade, despeço-me delas gritando: "Morte à Operadora Bombom!"
Terminado o dia, à noite, antes de dormir, vou te confessar uma coisa: não faço minhas preces, ajoelhado ao lado da cama, nada disso.
Eu tão-somente afundo a cabeça no travesseiro e penso, no momento de fechar os olhos, prestes a conciliar o sono: "O que posso fazer, no dia de amanhã, para prejudicar a Operadora Bombom?"
Porque, em verdade, em verdade vos digo, minha cara: defini como objetivo da minha vida destruir a Operadora Bombom! Eu prefiro fazer um contrato com o diabo do que com a Operadora Bombom!
Passaram-se alguns segundos de silêncio, durante os quais pude sentir as ondas de perplexidade vibrando através da linha telefônica. Em seguida, a voz da moça soou, profissional, embora um pouco trêmula:
- A Operadora Bombom agradece pela sua atenção e lhe deseja uma boa tarde.
Senti, de alguma forma, o melífluo sabor da vingança embeber-me as papilas gustativas. Foi bom, muito bom. Bom, bom. Lembrei do meu amigo Élder Ogliari, grande jornalista do Estadão, para quem as quatro melhores coisas do mundo são, pela ordem:
1. Gol do Grêmio.
2. O doce sabor da vingança.
3. Pudim de leite condensado.
4. Mulher.
De fato, como é doce e capitoso o sabor da vingança. Oh, mas não posso fazer isso com os coroinhas que querem impor a Lei Seca em Porto Alegre, nem com o cara que instituiu a fórmula de pontos corridos no Campeonato Brasileiro. Não posso fazer isso com quem aprovou a Lei Pelé.
Não posso fazer isso com as instituições escravagistas do futebol, a CBF e a Fifa. Que saída? Como aliviar minhas frustrações? O negócio é esperar pela ligação de outra vendedora da Operadora Bombom.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário