sexta-feira, 28 de dezembro de 2007



Como acabar com as lideranças negativas

MAX GEHRINGER - é comentarista corporativo, autor de sete livros sobre o mundo empresarial e escreve semanalmente em ÉPOCA.

Palavra da semana: demagogia – em grego, agogos era “liderança”. Daí veio “pedagogo”, alguém que orienta e ensina crianças. E demos era “povo”, donde derivou “democracia”, o governo do povo.

Mas, juntos, demos e agogos formaram uma palavra negativa: “demagogo”, aquele que lidera o povo de forma mentirosa ou apelativa.

Minha empresa tem líderes negativos, que convencem os colegas a boicotar qualquer iniciativa. Como neutralizar essas maçãs podres?
Célio J.P.

A liderança negativa só floresce num solo pobre em lideranças positivas. Quando os líderes formais – aqueles que possuem títulos que lhes permitem tomar decisões – se omitem ou se escondem, as lideranças informais ganham espaço para influenciar os indecisos.

Um líder positivo é:

(1) proativo. Ele convoca a equipe e passa instruções claras e precisas, antes que a falta de esclarecimentos comece a gerar boatos.

(2) Acessível. Qualquer subordinado pode procurá-lo a qualquer momento para tirar dúvidas.

(3) Confiável. Ele cumpre o que promete, e não promete o que não pode cumprir.

(4) Justo. Ele não forma panelinhas, nem trata de modo diferente subordinados com nível igual.

(5) Enérgico. Esgotados todos os meios de resolver a questão numa boa, ele não hesita em punir os que não se enquadrarem.

A aplicação dessas regras começa pela principal autoridade da empresa e se espalha pelo organograma. Quando faltam bons exemplos vindos de cima, sobram insubordinações vindas de baixo.

Tenho 34 anos, e estou desempregada pela primeira vez. Não consigo me acostumar com a idéia. Sinto-me envergonhada.
Cristiane

Não há motivo para vergonha, Cristiane, a não ser que a dispensa tenha sido por desonestidade, o que certamente não é seu caso. Nesse período de procura, acostume-se com o fato de que as horas passarão devagar, e os dias passarão depressa. Encontre algo para preencher seu tempo e sua mente, como um curso.

Há tanta gente em situação semelhante a sua que até a palavra “desempregado” deixou de ser usada. As expressões mais usuais são: “Estou entre empregos”. “Estou em uma fase de reavaliação de minha carreira”.

“Estou filtrando propostas”. “Estou passando por um hiato profissional”. Mais que um jogo de palavras, isso é uma ciência, a neurolingüística.

Através de imagens positivas, ela ajuda a transformar uma situação vexatória (a vergonha pelo desemprego) em uma situação sob controle (a busca por um emprego novo, e melhor). Tente usar esse método, Cristiane. Se não lhe fizer bem, mal certamente não fará.

Trabalho em uma empresa familiar. Sem querer, ouvi um dos donos dizer que o empregado passa e a empresa fica. E caí na real: estou na empresa há cinco anos, e não recebi nenhum aumento. Todas as empresas são assim?
Tiago

Não, Tiago, embora a frase do dono seja verdadeira (nenhum empregado é indispensável ou insubstituível, e empresas costumam durar mais que carreiras individuais). Mas as boas empresas agem com um olho no presente e o outro no futuro.

O dono de sua empresa acredita que o sistema é mais importante que as pessoas. Logo, se alguém sair, basta trocar a peça por outra de igual valor, e a engrenagem continuará funcionando.

Já empresas que acreditam que as pessoas influem diretamente no sistema reconhecem e premiam o mérito. A diferença, Tiago, não está no fato de sua empresa ser familiar.

Está no fato de que ela enxerga apenas o presente. Numa empresa assim, o funcionário não tem futuro. E, no mais das vezes, a empresa também não.

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