quarta-feira, 26 de dezembro de 2007



Ninguém questiona "Christina quem?"

Improvisos da série "Samantha Who?" combinam com atriz, que sempre será lembrada como Kelly Bundy

MARGY ROCHLIN
DO "NEW YORK TIMES'


Existe uma lista de razões que convenceram Christina Applegate a abandonar sua decisão de deixar de lado os seriados de TV. É mais ou menos a seguinte: "Quebrei o pé, perdi minha peça, consegui a peça de volta, perdi meu casamento, voltei para casa e ninguém sabia quem eu era".

Ela estava se referindo a um período de 13 meses iniciado em Chicago com uma fratura, quando ela protagonizava uma apresentação de pré-temporada do musical "Sweet Charity", e que inclui a decisão dos produtores de cancelar a temporada, o apelo de Applegate que os convenceu a mudar de idéia, seu divórcio do ator Jonathan Schaech e sua falta de sorte em conseguir papéis em Hollywood depois que a temporada se encerrou, em 2005.

Não é à toa que, dos muitos roteiros para pilotos de séries que lhe foram oferecidos, ela tenha escolhido o de "Samantha Who?", sobre uma executiva do setor de imóveis que é atropelada, passa oito dias em coma e acorda em um leito de hospital sofrendo de amnésia.

Ao longo da maior parte da série, que está na primeira temporada [e é exibida no Brasil pelo canal pago Sony], Samantha não sabe bem quem é ou onde está, mas segue determinada a reconstruir sua vida.

Ela revive, em flashbacks, os momentos que lhe valeram, antes do acidente, a reputação de festeira e irresponsável. Não é fácil determinar qual das duas personas vale mais risos para Applegate: a Sam boazinha, roída pela culpa, ou sua contraparte, alegremente amoral.

Ainda que esta seja a quinta série de TV de Applegate, ela é mais conhecida por seu papel como Kelly Bundy, a filha de "Married... With Children". Applegate, 36, já trabalhava em TV aos sete ou oito anos.

Mas, se um dia ela decidir escrever suas memórias, não terá muito a dizer sobre esses primeiros anos. "Nós estávamos no Alabama", ela começa, relatando sua estréia no cinema em "Jaws of Satan", um filme de terror de baixíssimo orçamento produzido em 1981.

E a história termina alguns segundos depois com "e havia um treinador de cobras com um dedo esquisito"; ela dá de ombros e diz "só me lembro disso".

Parte de "Samantha Who" é exatamente uma certa qualidade de improviso vivaz, a sensação de que Applegate e seus colegas veteranos de televisão estão funcionando bem juntos.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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