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sábado, 29 de dezembro de 2007
29 de dezembro de 2007
N° 15463 - Ricardo Silvestrin
Na real
Filme de Giuseppe Tornatore, eu saio de casa correndo pra ver. Depois de assistir a Cinema Paradiso, Uma Simples Formalidade e A Lenda do Pianista do Mar, não penso duas vezes.
O cineasta italiano tem o dom de nos deixar surpresos e comovidos. Então, lá fui eu nesses tempos de Natal, feliz ano novo, ao cinema.
O filme recente do diretor se chama A Desconhecida. Tem a mesma qualidade das suas outras realizações: ótima direção, excelentes atores, roteiro inteligente que vai levando o espectador pela mão até uma revelação final. Mas neste, Tornatore penetra num universo mais cruel, o da prostituição.
O lirismo de uma vida na cidade pequena, com o velho cinema sendo a única diversão da cidade em Cinema Paradiso. Os diálogos longos e as grandes interpretações de Gérard Depardieu e Roman Polanski em Uma Simples Formalidade.
A comovente história do músico que nasceu e nunca saiu de um navio em A Lenda do Pianista do Mar. Tudo isso contrasta com a crueza e a abordagem da violência contemporânea em A Desconhecida.
É um Tornatore de outra pipa. Como se o diretor quisesse propor a si mesmo explorar um universo menos onírico e mais de carne e osso. Menos a vida que se passa por dentro das pessoas e mais a vida que se vê.
E o que se vê no mundo de hoje? Um aumento da violência, da insegurança, da vida valendo cada vez menos. Paralelo ao mundo do prazer e do consumo, mas cada vez mais rente a ele, um mundo difícil, regido pela lei da força física.
Parece, em determinados momentos, enredo de filme brasileiro. De filme carioca. Estava pensando como os filmes cariocas contemporâneos estão colados ao real.
Como se a vida real gritasse tanto que invadisse até o sonho, o lugar onde costuma estar a arte. Durante o filme, fiquei um pouco incomodado, pensando pra que sofrer tanto no cinema.
Aquela história triste só caminhava para mais e mais tristeza. No final, a história da personagem avança em direção a uma superação dos seus problemas.
Mas, para chegar até isso, ela encarou o destino, duelou com quem a maltratava e não a deixava viver, refez o que pensava ter encontrado, assimilou uma desilusão dentro de uma vida já sem ilusão nenhuma. No outro dia, o filme voltou várias vezes à minha cabeça.
E concluí que achei interessante ter visto esse Tornatore ao avesso bem nessa época em que todos se desejam um futuro melhor, um ano bom, que tudo se realize.
As coisas, na maioria das vezes, não são fáceis, não se resolvem num passe de mágica. E um feliz ano novo só se faz encarando a realidade.
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