quinta-feira, 27 de dezembro de 2007


KENNETH MAXWELL

Tapetes mágicos

NO TREM que me conduziu de Londres a Devon esta semana para passar o Natal com minha família, reparei em uma manchete estranha no "Daily Telegraph": "Tapetes mágicos não são apenas fantasia, diz professor de Harvard".

Aparentemente, as pesquisas do professor Lakshminarayanan Mahadevan, da escola de engenharia e ciências aplicadas, demonstraram a possibilidade teórica de que um tapete ondulando ao vento seja aerodinamicamente capaz de decolar e avançar céu afora.

Não seria um passeio agradável, já que a ondulação teria de ser bastante violenta, para que o veículo atingisse velocidade apreciável. E um propulsor poderoso seria necessário para gerar a ondulação em um tapete de tamanho suficiente para carregar uma pessoa.

Assim, por enquanto, isso continua no reino do virtual. O que representa pequeno alívio para aqueles que preferem a magia, no Natal. O professor Edward Said (1935-2003) fez de "orientalismo" uma palavra "feia".

Já há algum tempo venho refletindo que um dos efeitos colaterais das ações de George W. Bush em sua guerra no Iraque será eliminar Bagdá como cenário romântico para histórias infantis.

O lugar em que Rudolfo Valentino foi "o ladrão de Bagdá"; em que Aladim esfregou sua lâmpada mágica; e em que as antigas histórias árabes como as das "Mil e Uma Noites" falavam de tapetes de seda verde voando pelos ares carregando figuras como o rei Salomão e seu séquito de potentados enfeitados com jóias e turbantes.

Mas, ao que parece, estou completamente errado quanto a isso. Meus dois jovens sobrinhos-netos me explicaram a questão. Com idades de 18 meses e três anos, respectivamente, eles parecem estar inteiramente a par da magia árabe.

Estou falando da região rural de Devon, claro, e talvez fosse possível pensar que os meninos sejam menos sofisticados que as crianças urbanas convencionais. Mas são dois meninos muito cosmopolitas; vivem em Londres, têm ascendência anglo-sueca; e já passaram uma temporada em Nova York.

Por isso, considero que a opinião deles sobre esse tipo de assunto é decisiva. Existe, no entanto, uma aplicação prática para a pesquisa de Harvard que não deveríamos desconsiderar.

De acordo com o "Daily Telegraph", os cientistas aplicaram sua teoria apenas a um objeto do tamanho de uma nota de dinheiro vibrando 10 vezes por segundo.

Talvez, se o professor Mahadevan vender sua patente ao Tesouro dos Estados Unidos, a descoberta dele possa ajudar a manter o dólar norte-americano em vôo durante alguns meses, impedindo que perca ainda mais valor em 2008.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

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