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sábado, 29 de dezembro de 2007
30 de dezembro de 2007
N° 15464 - Paulo Sant'ana
Assassinatos evitáveis
Em face das minhas doenças, muitas pessoas, na ânsia de me socorrer, tentando melhorar meu estado de saúde, enviam-me conselhos, pelo que fico profundamente agradecido.
Os conselhos vão desde que eu só coma carne e saladas até consumir somente produtos dietéticos.
Desencorajaram-se de pedir-me para deixar de fumar, é mais fácil obrigar o Bush a fazer profissão de fé islâmica.
Mas um dos pedidos mais insistentes que recebo dos leitores é para eu caminhar ou correr. Dizem que as transformações que sofrerei para melhor na saúde, se caminhar ou correr oito quilômetros por dia, serão espantosas.
E, para não decepcionar essas pessoas, eu deixo de responder a elas o que crê o Ibsen Pinheiro: "Se correr fosse sinônimo de saúde ou longevidade, o cavalo inglês não viveria só por 17 anos e a tartaruga por 200".
Mais uma criança foi morta nos últimos dias pelos dentes de um cão feroz: uma menina de sete anos de idade foi estraçalhada na véspera de Natal por um cão rottweiler, na cidade de Dois Irmãos (RS).
O incrível é que o dono do sítio e da fera assassina declarou após o homicídio culposo que a menina "sabia que não podia estar naquele lugar".
Como é que é? A menina não podia estar naquele lugar?
Será que o dono do sítio onde houve o massacre - e dono do cão - não sabe que quem não pode estar nem naquele lugar do sítio nem em qualquer lugar da Terra não era a menina, mas exatamente o rottweiler?
Nós temos que depressa nos conscientizar de que não podemos permitir, se quisermos ser uma sociedade civilizada, que continuem a freqüentar nosso meio social os pitbulls e rottweilers.
Cansei já de narrar os sofrimentos que crianças e adultos padecem em poder desses cães assassinos.
Essa criança ficou dezenas de minutos sendo dilacerada pelas mandíbulas e dentes cortantes e perfurantes desse cão chacinador.
A dor que uma criança ou um adulto sente ao ter cravados em seu corpo os dentes dessas feras é inenarrável. Ninguém suporta.
A vítima pede para morrer, durante 10, 20 minutos, até que alguém a socorra. Pede para morrer para parar de sentir dor e para parar de sentir medo, pânico, terror.
E foi tanta a dor dessa criança de Dois Irmãos, que, quando deram vários tiros no rottweiler, que nem mesmo assim soltou a criança, ela já tinha morrido.
Ou seja, daí a que fossem buscar o revólver, ela sofreu, ela se martirizou, ela foi sendo aos poucos, lentamente, torturada, até que morreu, chegando atrasado o socorro. E se tivesse chegado a tempo o socorro, o que restaria da criança mutilada seria mais trágico do que o cadáver.
Parem de criar e manter em casa esses cães, já que não adianta mais apelar ao poder público insensível. Parem, parem de uma vez por todas.
Isso atenta contra a razão e as humanidades. Por que não param de assassinar os cúmplices desses assassinatos, que criam esses cães?
Por que não param? Vão querer matar todas as crianças e metade dos adultos do mundo? Por que não param?
Parem. Cães assassinos de donos irresponsáveis. Dizem-me que os cães não são os culpados dessas chacinas que não param mais. Acho isso certo.
Mas e os verdadeiros culpados, os donos dessas feras, vão continuar matando? Matando, torturando, massacrando? Quando é que essa estupidez vai ter um fim?
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