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quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
13 de dezembro de 2007
N° 15447 - Paulo Sant'ana
Risco de vida
Um dado espantoso que me foi fornecido pelo secretário municipal de Mobilidade Urbana (eufemismo para secretário dos Transportes): as motos se constituem em 10% da frota de veículos automotores de Porto Alegre.
No entanto, metade dos acidentes com mortes acontecidos este ano na cidade envolveu motos.
É inacreditável. É um morticínio de motociclistas.
Por um lado, não surpreende esta estatística. É que é tal a agilidade, rapidez, mobilidade das motos no trânsito porto-alegrense, que elas não são enxergadas pelos espelhos retrovisores dos carros.
Também porque são pequenas em relação aos carros, mas principalmente porque se deslocam com tal versatilidade tangencial entre os carros que é impossível alcançá-las pelo retrovisor.
Grande parte das motos, senão a maioria, é pilotada por motoboys. E eles sofrem a mesma pressão profissional dos caminhoneiros: têm que usar a velocidade para cumprir com suas tarefas. Se assim não o fizerem, serão eliminados da atividade por lentidão.
E atiram-se ao trânsito com volúpia velocista. E vão costurando entre os carros. Ganham a vida desafiando a morte.
Este secretário municipal de Mobilidade Urbana, Luís Afonso Senna, é um homem singular. Ele tem formação superior em Engenharia do Trânsito, com vários cursos de pós-graduação no Exterior.
Se existe uma secretaria em que o prefeito Fogaça está bem servido, é nesta.
A administração desse secretário está conseguindo diminuir os acidentes com mortes em Porto Alegre, enquanto nas estradas gaúchas há um crescimento de mortos e feridos.
É bem verdade, como eu disse ao próprio secretário, que em Porto Alegre está ocorrendo um fenômeno que inibe os acidentes com mortos e feridos: exatamente o engarrafamento.
O engarrafamento, é incrível, salva vidas. O engarrafamento irrita, mas sob certo aspecto acalma o motorista e sua pressa.
Quanto mais engarrafado for o trânsito de uma cidade, menos acidentes de trânsito nela haverá.
Mas aqui em Porto Alegre, quanto mais motos forem habilitadas para trafegar, mais mortes haverá no trânsito. Porque em mais de 99% dos acidentes com motos, é lógico, os mortos são os motociclistas. Os carros que batem em motos ou são atingidos por elas vêem seus motoristas saírem ilesos, quase sempre, dos acidentes.
As profissões mais arriscadas em Porto Alegre, atualmente, são as de policial, bancário, motorista de táxi, motoboy e, naturalmente, a dos ladrões.
De todas essas profissões, a mais arriscada é a dos ladrões. Digo profissão porque eles vivem da atividade de roubar.
E os ladrões são mortos a mancheias pelos policiais e pelas suas vítimas. Quase todo dia há vários ladrões mortos, muito mais que policiais, estes últimos mortos no cumprimento do dever.
Já os ladrões morrem no cumprimento do desvio moral.
Embora alguns autores afirmem que é no cumprimento da degradação socioeconômica.
As mães e os pais dos policiais, as mães e os pais dos motoboys e as mães e os pais dos ladrões, quando os filhos saem de casa, não sabem se voltarão.
Mas hoje em dia a situação criminal anda tão aguda, que ninguém mais sabe se os filhos, ou as mães, ou os pais voltarão de um dia de trabalho ou lazer.
É complicado. Esses dias conversei com um homem que já foi assaltado, junto ou não com sua família, sete vezes.
Ele me disse que se sente como se tivesse a vida salva por sete vezes. Nos assaltos, o único ferimento que teve foi um nariz quebrado por uma coronhada.
Vão-se os anéis mas ficam os narizes.
Reunindo só os ladrões e os policiais entre os que morrem por força de sua atividade, os ladrões pelo menos têm uma vantagem: são muito melhor remunerados do que os policiais.
Os policiais gaúchos há 13 anos praticamente não têm seus salários reajustados pelos governos, além do risco de vida que correm profissionalmente, os governos arriscam matá-los por inanição salarial. Já estão quase morrendo.
Enquanto isso, os ganhos dos ladrões são reajustados diariamente pela inflação.
Leia o blog do Sant'Ana em www.zerohora.com
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