quinta-feira, 13 de dezembro de 2007



13 de dezembro de 2007
N° 15447 - Leticia Wierzchowski


Ave, César

Sempre tive uma queda por épicos, é bem verdade. Mas a série Roma, da HBO, é um programa e tanto para qualquer um, até para aqueles que não têm paciência para desfiar o rosário dos seriados.

Mesmo que você não goste de batalhas, de deuses pagãos e imperadores temperamentais, ainda assim Roma vai pegar você. Ou você deveria pegá-la hoje mesmo na estante da sua loja preferida, certo de que está comprando um pacote de ótimas noites em frente à televisão.

Rodada inteiramente na Itália, com elenco inglês, Roma foi a produção mais cara feita até hoje - a segunda temporada, composta de 10 capítulos, custou nada menos do que US$ 100 milhões, isso porque os roteiristas economizaram um pouco, diminuindo as cenas de batalha, que foram fartas na primeira temporada por causa das conquistas territoriais de César.

O resultado é uma composição grandiosa de uma Roma bem longe da idealizada, uma Roma real, suja, violenta, opulenta e despudorada, habitada por muito ricos e muito pobres, que dividem-se entre as colinas do Palatino e do Aventino. Pela tela, desfilam personagens de um colorido próprio, numa composição perfeita de História e ficção.

Assim, gente como Marco Antônio (o excelente ator James Purefoy), Cleópatra, Brutus, César, Otávio e Cícero convive com personagens de mentirinha como Lucius Vorenus e Titus Pullo, dois plebeus, soldados violentos e corajosos, que passeiam pelos altos escalões do governo ao mesmo tempo em que conduzem a narrativa para a vida cotidiana dos cidadãos romanos que enchiam as infectas ruas da cidade lendária.

Eles são, a bem dizer, os heróis da série. E com eles a gente sofre, se espanta, mata e chora, sem nunca, mas nunca mesmo, querer trocar de lado: Titus Pullo e Vorenus são dois personagens como já não se fazem mais.

A série começa no ano 52 antes de Cristo, numa Roma que acompanha a ascensão de César, 400 anos depois de a República haver sido fundada. E é no seu Senado que o futuro da República muda conforme os ventos da ambição de seus chefes.

Corrupção e trapaças iguaizinhas às que vemos todos os dias nos nossos noticiários, e outras piores, grandes derramamentos de sangue, paixões violentas, sexo, magia e intrigas fazem parte desse roteiro incrível, que atravessou duas temporadas sem deslizes, chegando ao fim da história com a vitória de Otávio César e o suicídio de Marco Antônio e Cleópatra.

Um sucesso mundial que inaugurou novos padrões televisivos, por causa dos custos, Roma terminou na segunda temporada. Mas vai deixar saudade.

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