segunda-feira, 10 de dezembro de 2007



10 de dezembro de 2007
N° 15444 - Kledir Ramil


À medida que o tempo passa

Depois de aprender a medir as coisas - pois elas tinham tamanhos, pesos, temperaturas e pressões diferentes - , o homem percebeu que também era preciso saber medir a passagem do tempo.

Tudo começou com os encontros amorosos, muito imprecisos. "Daqui a três luas, ao entardecer..." Hoje, com o celular, a questão está resolvida, mas no tempo das carruagens era angustiante esperar a amada, com o coração na mão.

Aos poucos, os amantes foram se dando conta de que o céu e as estrelas, além de inspirarem poemas, podiam ajudar na exatidão dos encontros.

Começaram a estudar os movimentos da Terra e estabeleceram critérios. Um giro no próprio eixo passou a significar um dia. Uma volta em torno do sol, um ano. Cada fase da lua, uma semana.

Depois, dividiram o dia em 24 partes e chamaram de hora. Cada hora foi subdividida em 60 minutos, e cada minuto em 60 segundos. Ainda destrincharam o segundo em décimos, centésimos, milésimos... Mas isso é coisa de maluco, não faz a menor diferença para nós, pessoas normais.

Aí, inventaram o relógio para marcar tudo isso. O problema é que o cara que criou o relógio, em vez de dividir o círculo em 24 partes, dividiu o mostrador em 12 fatias e acrescentou três ponteiros com velocidades diferentes, criando um instrumento de difícil leitura.

Um negócio tão complicado que, por exemplo, quando o ponteiro menor está perto do 9 e o maior sobre o 11, pode significar que são 20 horas e 55 minutos. Esse método de leitura do tempo, graças a Deus, está em desuso com o advento do relógio digital.

Tentando organizar o mundo através da medição do tempo, o homem criou o calendário. Mas esse é um assunto tão complexo que vai ficar pra outro dia.

O importante é que, mal ou bem, a coisa vem dando certo. Só não encaixa perfeitamente porque um giro da Terra em torno do sol não é exatamente 365 dias.

Todo final de ano, sobram mais de cinco horas, e ninguém sabe o que fazer com elas. Por isso, a cada quatro anos, temos um dia especial, o 29 de fevereiro, para tentar compensar essa arritmia celeste. Tal aberração - um dia que só existe a cada quatro anos - cria situações inusitadas.

Conheci uma garota que nasceu num 29 de fevereiro. Apesar de oficialmente ter apenas 15 anos, o corpo está envelhecido como se tivesse 60. Um fenômeno estranho.

Mesmo com todas as deficiências, nosso sistema de medir o tempo funciona bem. Os horários são sincronizados e respeitados por todos. Os únicos que ainda não conseguiram entender os fundamentos básicos dessa idéia são as companhias aéreas brasileiras.

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