quarta-feira, 5 de dezembro de 2007



05 de dezembro de 2007
N° 15439 - Paulo Sant'ana

Compaixão pelo Rio Grande

Será possível que ninguém do governo federal, a gaúcha Dilma Rousseff, o gaúcho Tarso Genro, os parlamentares federais do PT, esteja atentando para a agonia da governadora Yeda Crusius, conseqüentemente para a agonia do governo estadual, conseqüentemente para a agonia do Rio Grande do Sul?

Será que não viram que todos aqui no Rio Grande do Sul viraram as costas para a governadora, que todas as portas que ela tentou abrir aqui no Estado foram-lhe batidas na cara, que ela mergulhou num abandono, num desprezo e numa solidão de inspirar a mais comovida compaixão?

Ministro Tarso Genro, ministra Dilma Rousseff, chamo a atenção dos ministros gaúchos como última instância de salvação para o Estado, é comovente a fidelidade da governadora Yeda Crusius com a CPMF, ela contrariou a orientação do seu partido, o PSDB, e desde os alvores da discussão sobre a prorrogação da CPMF colocou-se a favor de Lula, do PT e do governo federal, manifestando-se pela prorrogação.

E com fidelidade canina ao governo federal, segurou o rojão: é a favor da prorrogação da CPMF, quando todo o clima de fora do PT e da base aliada é frontalmente contrário à prorrogação.

Mas Yeda Crusius ficou firme como uma rocha, ao lado de Lula, ao lado do PT, a favor da prorrogação da CPMF.

Esta lealdade da governadora a Lula e ao governo federal merecia um prêmio, um prêmio que não é dela, mas um prêmio que significa um elixir para o Rio Grande na grave e dramática crise que o governo federal atravessa:

um auxílio do governo federal ao governo estadual, um amparo, seja lá de que forma for, pagando o que a União deve ao Estado pelas estradas federais ou por qualquer outra maneira.

Mas a União não deve e não pode deixar o Rio Grande, filho dileto da federação, morrer à míngua.

O Rio Grande do Sul está de olho nessa providência do governo Lula. Já era tempo de Lula estender a sua ajuda à governadora.

Será que o governo federal vai assistir indiferente à inanição do governo estadual e do Rio Grande?

Ministra Dilma, ministro Tarso, ministros gaúchos, não interessam nesta hora as rivalidades partidárias, as diferenças de siglas ou quiçá ideológicas, as marcas que as eleições deixaram no passado.

O que interessa é que o Rio Grande precisa nesta hora, em que está se afogando, de que o governo federal atire a sua corda para salvá-lo.

Ministra Dilma Rousseff, ministro Tarso Genro, bancada federal do PT, é grave a falência múltipla de órgãos do governo estadual. E só o governo federal pode salvar o paciente.

Mais não pode fazer a governadora Yeda que não seja o que tem feito: é a favor da CPMF, nunca tergiversou, sempre foi clara, é a favor da prorrogação.

Essa fidelidade ao governo federal merece uma recompensa.

Não para ela, mas para o Estado.

Não tem de vir dos bancos esse socorro ao Rio Grande do Sul. Não tem de vir, como já não veio, de ninguém mais representativo aqui do Estado, tem de vir do governo federal.

A governadora está tão debilitada em sua condição de suplicante, que não tem nem a coragem de dizer ao governo federal o que deveria dizer: a União tem o dever de socorrer o Estado nesta hora, é da essência do pacto federativo a solidariedade aos membros na crise.

E, ao não socorrer o Rio Grande, a União está atentando contra si própria: empobrecer e inviabilizar o Rio Grande é afligir ali mais adiante a União.

Mas que não seja por esses motivos todos que o governo federal deva ajudar o Rio Grande, ministra Dilma, ministro Tarso, bancada federal do PT, que seja então por um mero motivo que não diga respeito à política, que seja por compaixão.

O governo federal, que arrecada só no Rio Grande muito mais, infinitamente mais do que o auxílio que o Rio Grande precisa dele para continuar respirando, tem de ter ao menos compaixão do Rio Grande.

Eu ia escrever que o governo federal tinha de ter respeito pela grave crise que o Rio Grande atravessa, mas prefiro escrever compaixão.

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