Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
04 de dezembro de 2007
N° 15438 - Moacyr Scliar
Petróleo, política, poder
Da primeira vez que estive na Venezuela, muito antes da era Chávez, uma lei acabava de ser proposta e/ou promulgada: tornava obrigatória a presença de ascensoristas nos elevadores. O que pode parecer estranho: afinal, em geral os elevadores são automáticos. Para que, então, uma pessoa comandando-os?
Resposta: para gerar empregos. Já naquela época a Venezuela tinha uma enorme renda resultante do petróleo. E já naquela época tinha uma brutal concentração de renda. A lei era uma canhestra tentativa de distribuir um pouco da riqueza entre os mais pobres.
Distribuição de renda é um problema para o qual Chávez está atento. As mudanças que propunha incluíam, como mostrou ZH ontem, a criação de um fundo de aposentadoria para trabalhadores da economia informal (camelôs, diaristas) que formam, como formavam no passado, quase metade da força de trabalho do país.
Junto com isto estava, como sabemos, a abolição do limite à reeleição, o que permitiria uma permanência indefinida no poder.
Claro, Chávez poderia alegar que um projeto tão amplo como é o de um "sistema socioeconômico baseado em princípios socialistas e antiimperialistas" demanda uma permanência no governo que, em casos semelhantes, costuma não ser pequena (Fidel Castro que o diga).
E isto certamente levantou dúvidas entre os eleitores: era a mudança social, a prioridade, era o poder, ou eram as duas coisas?
É uma coincidência simbólica que em português, como em outros idiomas, as palavras política e poder comecem com a mesma sílaba.
Política envolve, em maior ou menor grau, o exercício do poder. E o poder é afrodisíaco, diz uma clássica frase, atribuída a, entre outros, Henry Kissinger, que sabia muito a respeito dessas coisas.
O poder, que pode brotar de um poço de petróleo, é também como um pote de líquido inebriante, ao qual muitos políticos precisam recorrer constantemente, sob pena de apresentarem síndrome de abstinência. Daí o conselho da sabedoria popular, recomendando que não se vá com muita sede ao pote.
Chávez foi com muita sede ao pote? Pelo visto os eleitores venezuelanos, em sua maioria, acharam que sim.
Afinal, trata-se de alguém que, no passado, comandou um golpe militar, antes de ser vítima de um outro golpe. O resultado das urnas é pois uma desaprovação provavelmente parcial. E envolve uma boa notícia: as urnas funcionam.
É bom que funcionem, porque só através delas medidas que afetam a vida de milhões de pessoas podem ser implementadas por governos sem despertar rebeldia e resistência.
As urnas, que não têm status de realeza, não estão perguntando a Chávez "Por que não te calas?"; mas talvez estejam indagando se ele não está indo com demasiada sede ao pote.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário