segunda-feira, 3 de dezembro de 2007



03 de dezembro de 2007
N° 15437 - Paulo Sant'ana


O trânsito em Roma

Estou feliz hoje. Porque, depois de tentar durante 60 anos, consegui só ontem uma façanha cujo alcance me perseguiu durante toda a vida: beijei meu cotovelo.

Treinei durante 60 anos, tive dezenas de tendinites, mas ontem consegui: beijei meu cotovelo direito.

Beijar meu dedo mínimo do pé, já o tinha conseguido há 20 anos.

Mas depois desta do meu beijo no meu cotovelo, nada mais é impossível para mim.

O que ainda espanta e repercute no caso da menina de 15 anos que foi destroçada pelos 30 presos masculinos durante 24 dias, numa cela de prisão do Pará, é que em plena globalização, quando se diz que ficamos sabendo imediatamente, aqui no Brasil, pelos meios de comunicação,

de um espirro que aconteça em Bangladesh ou uma tossida no Sudão, as autoridades paraenses não sabiam que mulheres - e mulheres menores de idade - eram encarceradas junto com os homens em todos os presídios do Estado.

Não sabiam os delegados? Não sabiam os promotores? Não sabiam os juízes?

É melhor acreditar que todos sabiam mas não se importavam.

E, principalmente, para ser justo e equânime, não sabia a imprensa que mulheres eram presas nas mesmas celas com homens? Por que nunca denunciou?

Como é que esse crime hediondo que se arrastou por anos foi ignorado pela imprensa e pela governadora?

Como pôde ser ignorado por todos esse apagão de esquecimento e omissão que enxovalha a nacionalidade?

Como pôde?

Que isto nos sirva de lição para tudo: o grande escândalo, o grande crime hediondo, estes ainda não foram revelados. Eles estão sempre em andamento. E podem nunca vir à tona.

A realidade não consiste só nos fatos que se conhece. Ela é mais significativa na parte oculta dela.

Todo o noticiário mundial é apenas a ponta minúscula do iceberg.

Sobre o engarrafamento geral que fatalmente atingirá o Brasil dentro de pouco tempo, soube ontem de um fato histórico fenomenal: Júlio César, o maior dos imperadores romanos, baixou decreto proibindo todos os carros sobre rodas de trafegar durante o dia em Roma.

Só foi permitido à noite porque certamente era menor nesse horário o tráfego de carros e possível então o trânsito.

Ou seja, há mais de 2 mil anos, em Roma, já havia engarrafamento de, quadrigas e todos os tipos de carroças, carretas e diligências.

Mas eu tenho algumas perguntas para fazer aos historiadores, aos cultos em geral e aos eruditos em particular sobre o trânsito de Roma.

São curiosidades que me fustigam a mente: havia sinaleiras em Roma? Como era feito o estacionamento daquelas centenas de milhares de geringonças de quatrorodas que infestavam Roma, cidade que chegou a mais de 1 milhão de habitantes?

Havia flanelinhas em torno do Coliseu nos domingos?

E, principalmente, respondam-me, historiadores, como eram feitos os exames de habilitação para os que dirigiam as bigas e quadrigas em Roma?

O Império Romano terceirizava os exames através da Fundação de Apoio, Ciência e Tecnologia da Universidade da Gália Cisalpina?

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