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sábado, 1 de dezembro de 2007
02 de dezembro de 2007
N° 15436 - Moacyr Scliar
Natal, RN
Aquelas magníficas praias, aquelas dunas que são um convite à aventura, uma paisagem de sonho, tendo como fundo um mar deslumbrante
Natal, RN (onde estive para um evento literário), é longe. Não há vôos diretos de Porto Alegre e, por causa dos inevitáveis atrasos, leva-se umas 10 horas para chegar lá.
Mas vale a pena, quanto a isto não tenham dúvida. Em Natal descobrimos que, como diz a música de Jorge Ben Jor, moramos num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza.
Que natureza é aquela, que natureza! Estamos falando do litoral, obviamente. Aquelas magníficas praias, aquelas dunas que são um convite à aventura - é o lugar em que provavelmente se vê mais buggies - enfim, uma paisagem de sonho, tendo como fundo um mar deslumbrante.
E o mar. Os verdes mares de minha terra natal, celebrados por José de Alencar, são algo. Mar é coisa que apela para as camadas mais profundas, mais arcaicas e portanto mais autênticas de nosso ser.
Do mar nasceu a vida, ao mar a vida sempre quer voltar, e daí a atração que a praia de mar exerce sobre nós, e que, a cada ano, leva milhões de brasileiros e estrangeiros para o litoral potiguar.
Há mar e há mar. Nós, gaúchos, temos mar, o Nordeste tem mar. Mas estamos falando de mares diferentes. O nosso mar, mar de praias abertas, de um litoral que é uma linha reta de Torres até o Cassino, é um mar bravo, um mar frio. Um mar que nos desafia, que nos castiga até. É preciso enfrentar, nos diz este mar gaúcho.
Enfrentar o choque das ondas, enfrentar sobretudo o frio, porque vida é assim mesmo, viver é lutar. Claro, depois a gente se acostuma, e até gosta. Contudo, o rito de passagem que é entrar no mar é desafiador e inevitável.
No Nordeste é diferente. A água é tépida, a água é límpida, a água é acolhedora - é maternal, até, a coisa mais próxima ao líquido amniótico que poderíamos imaginar.
Este mar, aliás, é uma metáfora para um jeito de ser brasileiro: o jeito amável, o jeito receptivo, o jeito que pode ser visto como submisso e quem sabe como servil.
E esse jeito condicionou boa parte de nossa história e de nossa cultura. Dele se aproveitaram o coronelismo, o autoritarismo em geral, a corrupção.
O Rio Grande do Norte atraiu estrangeiros por duas razões. A primeira por sua posição estratégica. Olhem o mapa e constatem: é o extremo leste da América Latina, a região mais próxima à Europa e à África, razão pela qual na Segunda Guerra os norte-americanos construíram ali a sua maior base aérea, o que valeu a Natal o apelido de "Trampolim da Vitória".
Mas Natal também é a "Cidade do Sol"; em média são 300 dias ensolarados por ano, o que funciona como ímã para os europeus: a viagem entre Natal e Lisboa ou entre Natal e Madrid leva menos tempo do que ir de Natal a Porto Alegre. Resultado: o crescimento da cidade é espantoso, constrói-se por toda a parte.
O Rio Grande do Norte e o Nordeste em geral estão mudando. Mas o mar ainda continua o mesmo, ao menos por enquanto. O que, convenhamos, é um consolo.
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