Coachbots' ganham espaço e desafiam mercado de coaching profissional
Plataformas de IA treinam trabalhadores para situações difíceis no ambiente corporativo, mas levantam
Conversar com um colega masculino "difícil" que interrompia constantemente fazia Vrnda Boykin suar. Apesar do desconforto, a gerente sênior de programas da empresa de software HubSpot retornava repetidamente à discussão.
Mas seu interlocutor não era humano, e sim um chatbot —ou "coachbot"— que ela havia solicitado para agir como um colega de trabalho irritante, permitindo que ensaiasse conversas difíceis no ambiente profissional.
A imagem mostra uma mesa de madeira com um laptop aberto, uma caneca de café, um bloco de notas com uma caneta ao lado e um smartphone. A luz natural entra pela janela ao fundo, iluminando a cena.
Coaches virtuais baseados em IA podem fornecer conselhos para funcionários - Unsplash
"Consegui praticar a redução das minhas respostas, então foi construtivo", conta Boykin. Os ensaios permitiram que ela "pausasse e não fosse provocada; eu podia pensar antes de dizer: 'Isso é rude'." A experiência proporcionou uma oportunidade de cometer erros "em privado" e parecia muito melhor do que acabar "em uma disputa no RH".
Aimy, o chatbot representado por avatares e capaz de se comunicar por texto e voz, foi criado pela CoachHub, uma plataforma de coaching, e faz parte de um projeto-piloto na HubSpot. O bot repetia as palavras de Boykin para ela, sugerindo alternativas que a incentivavam a colaborar melhor com seu colega combativo.
Aimy, que será lançada ao público neste verão, integra uma nova geração de coachbots, incluindo Nadia, da Valence, e Cai, da Ezra. Esses sistemas utilizam inteligência artificial generativa para oferecer uma versão mais acessível de um serviço antes reservado a executivos seniores.
Coaches virtuais baseados em IA podem fornecer conselhos sobre negociações salariais, sugerir como hábitos individuais afetam o trabalho ou simular conversas desafiadoras. São apenas uma das formas pelas quais a IA está sendo usada nesse setor; outras incluem auxiliar coaches humanos na elaboração de resumos de sessões, na conexão entre clientes e mentores ou na cobrança do cumprimento de metas.
Diferentemente de modelos genéricos como o ChatGPT, os coachbots especializados são treinados em políticas específicas das empresas, metodologias testadas para desafios no ambiente de trabalho e informações sobre a experiência do usuário armazenadas nos sistemas corporativos.
A Valence promove seu serviço como um coach sempre disponível por "2% do custo tradicional". O CEO da empresa, Parker Mitchell, diz que a demanda está crescendo em setores como finanças e turismo, especialmente entre "líderes de linha de frente". Já o CEO da CoachHub, Matti Niebelschütz, afirma que esses mentores automatizados individuais estão "democratizando o crescimento profissional".
No entanto, a ascensão do coaching por IA também levanta questões éticas, e alguns profissionais do setor questionam seu propósito. Seria apenas uma estratégia de marketing para estimular a demanda por coaching humano, um complemento útil ou uma ameaça que pode canibalizar o mercado de profissionais reais?
O coaching envolve compartilhar desafios pessoais e profissionais, e as pessoas só fazem isso se confiarem que seu coach de IA preservará sua confidencialidade.
Essas preocupações foram detalhadas em um artigo recente de Tatiana Bachkirova, professora de psicologia do coaching na Universidade Oxford Brookes. Ela acredita que a "invasão do coaching por IA" representa uma "degradação" da prática e descreve as versões mais baratas como "um substituto" que não atende às necessidades daqueles em cargos mais altos.
"As ofertas de desenvolvimento das empresas para seus funcionários são degradadas, enquanto o coaching humano é mantido apenas para os clientes mais importantes", critica.
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