
Torcidas organizadas e aposentados na Argentina
Política e futebol, quando misturados, costumam gerar conflitos, que, volta e meia, descambam das redes sociais para a vida real. Não foi diferente na Argentina. Mas, por que, afinal, torcedores organizados de times como Independiente, Racing, River Plate, Boca Juniors se uniram aos aposentados em um protesto com a polícia, que terminou em confronto na quinta-feira, em Buenos Aires?
Não se pode dizer que foi uma surpresa: há várias semanas, os aposentados têm protestado em frente ao Congresso contra o governo Javier Milei por melhores condições de renda, contra o veto à reforma da previdência e acesso a medicamentos.
Algumas semanas atrás, uma dessas manifestações já havia terminado em violência. Foi quando uma cena se tornou emblemática: um idoso com a camisa do Club Atlético Chacarita Juniors, equipe de futebol do bairro de Chacarita, em Buenos Aires, aparece sendo agredido pelos policiais.
Logo, começaram aparecer nas redes sociais frases contrárias à pressão contra "abuelos" (avós) ou contra "nuestros viejos" (nossos velhos). No último dia 5, torcedores da equipe engrossaram o protesto. De novo, houve confronto.
Caldeirão de sentimentos
As torcidas organizadas na Argentina, que têm histórico de violência, são chamados de barras-bravas.
A marcha da quarta-feira prometia ser ainda maior. À tensão já presente no ar foi acrescido outro aspecto simbólico. Nesta semana, começou o julgamento que pretende esclarecer as circunstâncias da morte de Diego Armando Maradona, ídolo argentino. Os médicos responsáveis pelo ex-craque são acusados de homicídio.
Nesse caldeirão de sentimentos, circulou ainda nas redes sociais a imagem de Maradona e uma de suas frases famosas dita em 1992. O então jogador estava diante do Palácio da Justiça, em um protesto de... aposentados. Ao ser perguntado sobre o que fazia ali, ele respondeu.
- Defendo os aposentados, como não vou defendê-los? É preciso ser muito covarde para não defender os aposentados.
Assim, formou-se o caldo social que levou Buenos Aires a um dos dias mais violentos dos últimos anos.
O que motivou os protestos
O grande motivador é a queda do valor das aposentadorias em contrapartida ao aumento do custo de vida. Atualmente, o benefício mínimo da Argentina é o equivalente US$ 227 (R$ 1.319). O valor da cesta básica, hoje, no país dos "hermanos" fica equivalente a US$ 283 (R$ 1.644), ou seja, US$ 56 (R$ 325) a mais do que o valor recebido.
No Brasil, o benefício mínimo fica em US$ 261 (R$ 1.518). Ainda por aqui, de acordo com dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na última segunda-feira, a cesta mais cara é a de São Paulo, ficando em US$ 191 (equivalente a R$ 860,53).
Outro motivo foi a tentativa de Milei de realizar cortes drásticos nos gastos públicos, fato que afetou principalmente os idosos - cerca de 30% dos cortes foram sobre os idosos, diminuindo o valor dos benefícios. Além disso, as aposentadorias foram ajustadas com um índice abaixo da inflação, ou seja, perderam poder de compra. Por fim, Milei está promovendo uma reforma previdenciária que pode levar à diminuição do valor das aposentadorias para novas gerações.
Mais um detalhe é a política de liberalização dos preços do governo argentino, que praticamente dobrou os custos dos medicamentos e serviços essenciais em um ano. _
Reação contra a repressão
Profissionais da fotografia realizaram um protesto convocado pela Associação Argentina de Fotojornalistas (ARGRA) depois que o fotógrafo Pablo Grillo ficou gravemente ferido enquanto cobria o protesto. No ato na quinta-feira, os fotojornalistas penduraram suas câmeras em uma grade em frente à sede do Congresso.
Grillo estava a trabalho quando foi atingido por uma bomba de gás lacrimogêneo que atingiu sua cabeça, causando uma fratura no crânio.
O profissional passou por cirurgia e as informações de quinta-feira eram que seguia hospitalizado. _
Eventos vão debater expectativas para COP30
O Instituto Latino Americano de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Ilades) está dando a largada para uma série de eventos em preparação para os debates da COP30, que ocorre em novembro, em Belém.
Serão cinco encontros, que culminarão no 6º Fórum Internacional de Mudanças Climáticas, com troca de experiências entre empresários, pesquisadores e autoridades sobre ambiente e desenvolvimento. O primeiro ocorre em 3 de abril e terá como título "O impacto da redução de carbono no saneamento básico".
Os convidados serão o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Bruno Vanuzzi, o presidente do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), João Uez, e o diretor da Comusa - Serviço de Água e Esgoto de Novo Hamburgo, Neri Chilanti. A série Diálogos Sustentáveis, que ocorre na Associação Leopoldina Juvenil, em Porto Alegre, é uma iniciativa do presidente do Ilades, o advogado Marcino Fernandes Rodrigues Jr. _
3 de abril - O impacto da redução de carbono no saneamento básico.
8 de maio - O protagonismo da indústria na transição energética e adaptação da descarbonização da economia.
12 de junho - A contribuição da cadeia do agronegócio na agenda do clima.
24 de julho - Mecanismos financeiros e de investimento do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa.
28 de agosto - Governança na gestão de resíduos sólidos, mobilidade urbana, saneamento e educação ambiental nas cidades inteligente.
9 de outubro - 6º Fórum Internacional de Mudanças Climáticas da Transição Energética e Adaptação da Descarbonização da Economia (Teatro da Unisinos).
Representante do Papa no Cristo Protetor
O cardeal Silvano Maria Tomasi será o enviado do papa Francisco ao Rio Grande do Sul para a cerimônia de inauguração do complexo do Cristo Protetor de Encantado. O religioso italiano de 84 anos é o atual delegado especial do Pontífice junto à Ordem Soberana e Militar de Malta.
No dia 6 de abril, a Associação Amigos de Cristo e a prefeitura irão inaugurar toda a área, que contará com capela, fonte e outros locais de reflexão. _
Nenhum comentário:
Postar um comentário