sexta-feira, 21 de março de 2025


21 de Março de 2025
OPINIÃO RBS

Fim do ciclo mais perto

A leitura das entrelinhas do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) indica que o atual ciclo de alta do juro está mais perto do fim. Na quarta-feira, o colegiado confirmou, de acordo com o script anteriormente anunciado, a elevação da Selic em um ponto percentual, levando o aperto monetário ao patamar obsceno de 14,25% ao ano, nível em que permaneceu de setembro 2015 a outubro 2016, quando a inflação chegou a dois dígitos, o dobro do acumulado em 12 meses até fevereiro. 

A surpresa foi a indicação para a próxima reunião, em maio, de "um ajuste de menor magnitude" caso nenhuma surpresa apareça. Se vier um acréscimo de 0,75 ponto, o juro atinge 15% ao ano, a aposta majoritária do mercado para o encerramento do ano.

É frustrante que o BC se veja obrigado a conduzir o juro a um degrau tão alto. Alcançar 15% significa voltar a um custo de capital que não era visto há quase duas décadas. A última vez que a Selic chegou a uma escala mais alta foi em 2006, no governo Lula 1. Trata-se de um nível que, muito além de desestimular o consumo, o que não deixa de ser o objetivo, para frear a inflação, traz efeitos nefastos como a inibição do investimento produtivo, a piora das condições financeiras das famílias e das empresas endividadas e a elevação da própria dívida pública. É o círculo vicioso do qual os brasileiros não conseguem se livrar.

Espera-se que novos sobressaltos internos e externos não surjam e o torniquete monetário pare de apertar em breve. Mas o desejável, o início de um afrouxamento, segue distante. Colabora, neste momento, a descompressão do dólar, que chegou a tocar nos R$ 6,30 em dezembro, mas ontem já era negociado a R$ 5,66. Outro fator positivo é a boa safra que o país está colhendo, que tende a segurar o preço da comida, a vilã inflacionária do momento.

Mas também há fatores que preocupam. Ao concluir que "persiste uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação", o Copom quer dizer, trocando em miúdos, que as informações disponíveis indicam maior chance de a pressão nos preços persistir. Além da economia ainda aquecida e do mercado de trabalho forte, há as incertezas externas puxadas pela guerra tarifária do presidente dos EUA, Donald Trump. No âmbito doméstico, a preocupação reside na política fiscal frouxa do governo, o que contribui para as expectativas de inflação permanecerem elevadas.

Entre os fatores que podem levar a inflação e as projeções dos preços para cima ou para baixo, o que está nas mãos do Planalto é o controle das contas públicas. Devem ser renovados, assim, os alertas e os apelos para que as políticas fiscal e monetária puxem para o mesmo lado. A preocupação reside na propensão do governo a dar novos impulsos ao crescimento via consumo, ainda mais em um momento de popularidade baixa e com a eleição de 2026 se aproximando. Mas deixar o trabalho de segurar a inflação apenas para o BC significa, no mínimo, manter o juro em um patamar estratosférico e prejudicial ao país por maior tempo. _

Opinião do leitor

"Carnificina nas estradas"

Muito oportuna a coluna de Carpinejar (ZH, 19/3) sobre acidentes de trânsito e cobrança de mais agilidade ao governador nas obras de recuperação das estradas. Mas além dos estragos climáticos, é bom também se lembrar de outras influências nefastas sobre os maus motoristas. A retirada de radares das estradas, os perigosos grupos de jet sky na praia e as acintosas motociatas sem capacete promovidas no mandato do ex-presidente Bolsonaro certamente servem de estímulo aos amantes da velocidade que almejam mais "liberdade" e até fizeram Pix para pagar as vultosas e merecidas multas do capitão. _

Astor Francisco Hauschild - Agrônomo - Estrela - Tabela do IR

A tabela esta defasada uns 120% e o governo, para aplicar a isenção para até R$ 5 mil de renda, comunica que custará R$ 27 bilhões. Como assim? Este dinheiro arrecadado é uma extorsão do trabalhador assalariado. O correto seria fazer uma tabela progressiva para correção nos próximos cinco anos! Seria honesto e movimentaria mais a economia! _

Marcelo Rosa - Engenheiro - Porto Alegre - Eduardo Bolsonaro

Rosane de Oliveira (ZH, 19/3) acerta na mosca ao descrever que Eduardo Bolsonaro, imitando o pai, foge para os Estados Unidos. Lá, o parlamentar tem se manifestado a políticos de ultradireita para descrever a "ditadura" que vive o Brasil. Se ele aponta o Estado brasileiro como totalitário, como seu pai, que está inelegível, promoveu um ato público e político em Copacabana no último domingo! _

João Carlos Stona Heberle - Médico - Cruz Alta - Viaduto Otávio Rocha

A propósito da reportagem "Revitalização do Viaduto Otávio Rocha só deverá ficar pronta no final do ano" (ZH, 18/3), complemento que, da sacada do prédio onde moro, assisto diariamente, como espectador privilegiado, ao que está sendo feito ali. E asseguro que, desde o final de 2023, a construtora não mantém mais do que três ou quatro operários trabalhando. Por isso o atraso de 10 meses para a conclusão. 

Auber Lopes de Almeida - Editor literário - Porto Alegre

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