
Copom avisa que haverá nova alta na próxima reunião
Na reunião de ontem, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) completou o roteiro anunciado em dezembro, de um choque de três pontos percentuais no juro básico em três parcelas. No comunicado, a direção do BC avisou que haverá nova alta na próxima reunião, em 7 de maio. Mas será "de menor magnitude", ou seja, abaixo de um ponto percentual, entre 0,75 e 0,5 p.p.
Na reunião anterior, o mercado havia reclamado da falta de "forward guidance", ou seja, de sinais claros para as próximas decisões. Agora o Copom preferiu mostrar o caminho.
O novo aumento projetado para maio é fruto da preocupação com a alta de preços, que aparece na frase "persiste uma assimetria altista no balanço de riscos para os cenários prospectivos para a inflação". Depois, o BC deve voltar à fase "dado dependente": "O Comitê reforça que a magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação."
Ao citar os "componentes mais sensíveis à atividade econômica", o BC reforça o desejo de "calibrar o crescimento" expressado no início do ano pelo ministro Haddad.
A falta de sinais para as reuniões além de maio tende a prejudicar a famosa "ancoragem das expectativas", ou seja, será mais difícil prever os próximos movimentos. Mas agora o Copom tem fortes argumentos para não se comprometer com movimentos específicos.
Donald Trump não apenas desorganiza o mercado internacional com ameaça de tarifas, projeta risco de recessão da economia americana e até na União Europeia, que quer se rearmar diante da falta de confiança nos Estados Unidos. A situação apareceu na primeira frase do comunicado:
?"O ambiente externo permanece desafiador em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente pela incerteza acerca de sua política comercial e de seus efeitos."
O aumento do juro é a única ferramenta que o BC tem para frear a inflação. É melhor que funcione. _
Pesquisa da Quaest mostra 58% de expectativa de recessão
Pesquisa feita pelo instituto Quaest apresentada ontem mostra que 58% dos integrantes do mercado financeiro projetam recessão ainda para este ano. A consulta foi feita a 106 gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão de fundos de investimento com sede em São Paulo e no Rio, entre o dia 12 e a última segunda-feira.
Uma das primeiras manifestações sobre a ameaça de recessão foi feita pelo consultor econômico da Fecomércio- RS, Marcelo Portugal. No mês passado, o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, ex-diretor de política monetária do Banco Central (BC), considerou o risco "baixo", embora não o descarte.
A pesquisa da Quaest não detalha essa projeção, mas seu diretor, Felipe Mello, afirmou que esse foi o dado que mais o surpreendeu. Outro resultado que a essa altura não é inesperado, mas materializa uma percepção que se construiu desde novembro passado é o desgaste da imagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad: agora, seu trabalho é considerado negativo por 58%, com alta de 34 pontos percentuais ante levantamento anterior.
Mesmo com o estrago provocado pelo anúncio de um pacote tímido de corte de gastos, com o da isenção de IR para quem ganha R$ 5 mil ainda sem clareza sobre a devida compensação - como ficou claro no anúncio de terça-feira -, em dezembro de 2024, a avaliação negativa era de 24%. Em três meses, saltou para 58%.
O que ocorreu entre uma avaliação e outra foi outro episódio que deixou Haddad em xeque, o do recuo no monitoramento das operações de Pix.
Isso não parece significar, porém, que as medidas de Haddad sejam consideradas negativas. O problema, fica claro em outra pergunta, sobre a "força" do ministro: para 85%, está menor e só 1% avalia que Haddad está mais forte. Outro dado que sustenta essa interpretação está na pergunta sobre quem é o responsável sobre a direção da política econômica: Lula é apontado por 92%, Haddad por 5%. E 93% avaliam que o rumo está errado.
A pesquisa foi encerrada antes do anúncio oficial da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais, que foi recebida com oscilação negativa no dólar e bolsa com maior pontuação desde outubro do ano passado, antes dos episódios mais recentes de desgaste do governo.
Avaliação positiva
O melhor desempenho de um integrante do governo foi o do presidente do BC, Gabriel Galípolo. A avaliação é positiva para 45%, mas não é necessariamente entusiasmo. A maioria considera "muito cedo para avaliar" suas decisões.
No entanto, até agora 20% consideram que sua gestão tem sido "melhor" do que a do antecessor, Roberto Campos Neto, e 49% veem como "igual" - o que já seria bom. Só 3% avaliam como "pior". _
Por que o dólar voltou a disparar na Argentina
Só no início desta semana, o Banco Central da República Argentina (BCRA) vendeu cerca de US$ 500 milhões para tentar conter a alta do dólar blue, que voltou a disparar no país vizinho. O problema é que essa intervenção debilita ainda mais as reservas cambiais, o que afeta a cotação da moeda.
Ontem, o dólar informal mais usado era cotado a 1.285 pesos argentinos, maior valor em seis meses. Na terça-feira, o ministro da Economia, Luis Caputo, não descartou mudanças no regime cambial, admitindo adotar o sistema de livre flutuação, o mesmo aplicado no Brasil.
Como as declarações de Caputo contrariam suas próprias opiniões, foram atribuídas à pressão do FMI para negociar a dívida da Argentina, superior a US$ 40 bilhões, com vencimento importante previsto para o próximo mês.
Como resultado, as ações de empresas argentinas caem e o risco-país volta a subir, depois de queda notável nos últimos meses. Ex-presidente do Banco Nación (equivalente ao Banco do Brasil), o economista Carlos Melconian alertou sobre os riscos de sair do atual sistema de câmbio controlado:
- A flutuação é um caminho de chegada, não de partida. Não se pode ir à flutuação porque se vai à híper (inflação).
Na dúvida, o mercado busca proteção e pressiona ainda mais a cotação do dólar. _
Ainda afetada pela cheia, Coca-Cola contrata no RS
A área comercial da Coca-Cola Femsa está com 18 vagas abertas no Rio Grande do Sul. A fábrica de Porto Alegre, alagada pela enchente, ainda opera de forma parcial, mas há opções de emprego na Capital. A retomada completa está prevista para abril.
A contratação é imediata para os cargos de vendedor e promotor de vendas. Algumas das vagas têm preferência por mulheres e pessoas com deficiência (PCDs).
Os benefícios são vale-alimentação, convênio farmácia, cooperativa de crédito e plano de saúde. Para os cargos que exigem atuação externa, há oferta de vale-refeição. As inscrições são realizadas pela internet, mas a empresa também aceita currículos na portaria de suas unidades. _
Empresa gaúcha levará móveis a projetos da Flórida
Fundada em Gramado, a Sierra Furniture vai começar a fornecer mobiliário para projetos da Invisto, empresa brasileira especializada em investimentos imobiliários, com foco em casas de luxo na Flórida, nos Estados Unidos.
Com R$ 1 bilhão sob gestão, a Invisto adquire propriedades subutilizadas, faz reformas e entrega novas residências de alto padrão. Seus projetos oferecem retornos anuais entre 10% e 15% em dólar.
A empresa gaúcha já atua em cerca de 10 países. Como a Invisto, é focada no mercado de luxo, mas de móveis e outros artigos. _
GPS DA ECONOMIA
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