sexta-feira, 14 de março de 2025


14 de Março de 2025
MARCO MATOS

Fofocar é interagir

Vamos começar pelo principal conceito: fofoca não é mentira! Fofoca - pelo menos o que eu entendo como - é uma informação quase sem relevância sobre a vida alheia que é compartilhada por outras pessoas que, na maioria das vezes, nada tem a ver com o assunto.

É importante esclarecer também que nem toda fofoca é um boato. A maior parte das fofocas são fatos. Sendo assim, fofoca não deixa de ser informação.

Nessa semana li uma notícia de uma mulher colombiana que enriqueceu vendendo fofocas para os vizinhos. Fiquei animado! Quem sabe não está aí a grande chance de mudar de vida?

Brincadeira! Não tenho a menor pretensão de virar "fofoqueiro profissional", mas temos que ser honestos com aquilo que somos. Eu reconheço: gosto de uma boa fofoca. É uma maneira genuína de interação interpessoal, um jeito eficaz de construir amizades e de fortalecer laços. Quem fofoca tem, inclusive, uma vantagem evolutiva de acordo com uma pesquisa feita pela Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. O estudo revelou que quem fofoca costuma ter maior aptidão em interagir socialmente.

Vai dizer que o fofoqueiro do seu trabalho não é a pessoa mais procurada pra tomar aquele cafezinho no meio do expediente? Ele só é odiado pelos alvos das conversas, que mudam a todo instante. Isso a fofoca tem de interessante: embora as vezes cause uma tristeza em quem teve a vida comentada por terceiros, no fim das contas o tempo passa e as pessoas logo encontram outro assunto.

Uma boa fofoca não vai muito além de uma distração. E aqui, em minha defesa, gostaria de fazer um esclarecimento e criar algumas regras de boas fofocas. Acredito que a maneira como se fala da vida alheia exige cuidado. É preciso entender que uma fofoca não pode definir as nossas atitudes e nem condenar ninguém. Também temos que ter cuidado para não prejudicar as pessoas.

O grande objetivo de uma história da vida real compartilhada é passar tempo e criar conexão. Também é preciso cuidar com assuntos delicados. Precisamos criar um ambiente em que as fofocas não causem dor.

Afinal de contas, a melhor fofoca sempre termina com:

"Afinal, quem somos nós pra julgar..." Né? _

O conteúdo desta coluna reflete a opinião do autor

MARCO MATOS

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