
É melhor esperar que o juro alto faça efeito
O juro básico perto de 15% vai, sim, encolher a economia, como advertem economistas e empresários. Mas o melhor, dadas as circunstâncias, é esperar que faça exatamente esse efeito. Com inflação acumulada em 12 meses de 5,06%, a alta de preços corrói o poder de compra dos salários e todos os brasileiros empobrecem.
Embora exista um debate legítimo sobre a capacidade de o juro alto controlar uma alta de preços cuja origem não é apenas aumento de demanda, esse fator tem peso na aceleração dos reajustes. E elevar o juro é o remédio amargo que o Banco Central (BC) receita para evitar doença mais grave: o descontrole da inflação. Então, aumento do juro é, sim, um problema. Encarece o crédito, adia investimentos e ainda pesa no bolso do consumidor por ser custo, também repassado. Uma vez administrado, o melhor é que cumpra seu papel. Dificuldade maior seria se não funcionasse, ou seja, se nem apertando o crédito a inflação cedesse e o crescimento desacelerasse.
Nesse caso, o Brasil experimentaria um fenômeno econômico descrito por um palavrão: dominância fiscal. Para lembrar, é uma situação em que o desequilíbrio das contas públicas é tão grande que torna a política monetária - feita por meio do juro - sem efeito. Mais ainda, quando altas adotadas para frear a atividade econômica e, assim, tentar controlar a alta de preços, fazem efeito contrário: aumentam a inflação.
Remédio ou veneno
O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu positivamente o mercado e negativamente o setor produtivo ao avisar que haverá nova alta do juro na reunião de maio. Ontem, day after da decisão, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, disse não descartar que o resultado do PIB do segundo trimestre seja negativo, assim como o terceiro. Estaria caracterizada uma recessão técnica. Pouco antes, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dito no programa Bom Dia, Ministro, da EBC:
- Não acredito que você precisa de uma recessão para baixar a inflação no Brasil. Você consegue administrar a economia de maneira a crescer de forma sustentável, sem que a inflação saia do controle.
Também fez um mea-culpa raro de ouvir de integrantes do governo:
- Temos de admitir que governos erram, muitas vezes. Governos erram. E, às vezes, a coisa descalibra um pouquinho. Se não for um erro grave, você consegue corrigir rapidamente.
O melhor cenário seria uma correção rápida da política fiscal, mas quase todo o universo econômico jogou a toalha e não aposta na possibilidade. Por isso, o melhor a esperar é que o juro alto ajude a "calibrar" o crescimento, como afirmou Haddad em uma das primeiras manifestações neste ano. O BC só tem de lembrar da máxima que a diferença entre remédio e veneno é a dosagem. _
Retomada de cargo na Randoncorp
Pouco mais de dois anos depois de deixar de ser CEO para ficar apenas na presidência da Randoncorp, Daniel Randon vai retomar o cargo a partir de setembro. O atual CEO, Sérgio Carvalho, voltará a residir nos Estados Unidos, onde já mora a sua família, e passará a atuar como senior executive advisor, com função de consultoria externa independente.
Conforme a empresa, foi um movimento planejado e transitório. A coluna quis saber detalhes, e a empresa afirmou que "a alta gestão da empresa está em constante revisão" e, com isso, "pode, futuramente, reformular sua estrutura para outras composições que correspondam às necessidades do negócio".
Daniel, que já acumulara as posições de presidente e CEO entre 2019 e 2021, retorna à gestão em um momento de maior maturidade da governança.
- Estamos seguros de que será mais uma etapa relevante para nossa estratégia de crescimento sustentável, com foco no mercado externo. Sérgio deixa o legado de uma gestão marcada pela simplicidade, autenticidade, ética, valorização das pessoas e inovação - afirma Daniel.
Como Sérgio Carvalho também ocupa os cargos de presidente e CEO da Frasle Mobility, a partir de setembro Daniel Randon também passa à presidência dessa unidade de negócios, uma das que mais crescem no grupo, com Anderson Pontalti, atual COO, assumindo como CEO, responsável por toda a operação tanto no Brasil quanto no Exterior. _
Bom resultado em 2024 e adaptação para 2025
O ano marcado pela enchente, que paralisou as vendas da empresa no segundo trimestre, terminou bem para a Melnick. As vendas alcançaram R$ 837 milhões líquidos, 3% a mais do que as do ano anterior. Com isso, a incorporadora gaúcha fechou 2024 com R$ 71 milhões de geração de caixa, 37% acima de 2023, conforme balanço apresentado ontem.
- É um resultado importante não só para a Melnick como empresa isolada, mas como integrante da economia gaúcha, porque a produção imobiliária é fator de desempenho. Havia o temor de que as consequências da enchente desacelerassem a economia gaúcha por longo tempo, mas isso parece não ter ocorrido. Estamos satisfeitos por contribuir com uma recuperação mais rápida - diz Leandro Melnick, CEO da empresa.
Conforme o empresário, um dos fatores que permitiram esse resultado foi o ganho de participação de mercado da incorporadora, graças à posição conservadora, que se traduz em não ter dívida na hora em que o juro alto causa estresse em empresas com endividamento elevado.
Como em 2024 a Melnick aumentou em 49% seus lançamentos, o empresário afirma que isso é sinal de que manterá emprego e renda nos próximos quatro anos. Isso não significa, porém, que a Melnick não seja afetada pela alta da Selic, admite Leandro:
- Estamos diminuindo os lançamentos nos segmentos mais afetados pelo juro alto, classes média e média alta, em que sentimos violenta redução de compra. _
Expansão e "jardim das xícaras"
O número 1.700 da Avenida das Hortênsias, em Gramado, vai ganhar uma unidade da rede gaúcha Quiero Café de R$ 3 milhões. A loja será em formato conceito, ou seja, pretende aproximar o cliente da marca. A previsão é de começar a funcionar ainda neste mês.
Conforme Matheus Fell, sócio-fundador do Quiero Café, será um dos projetos mais importantes da história da empresa dos "guris do Interior". Criada em 2015, em Teutônia, no Vale do Taquari, a rede teve faturamento de R$ 195 milhões em 2024. Pretende crescer 28% em 2025, para R$ 250 milhões.
- Diversas vezes sonhamos e avaliamos opções em Gramado. No início de 2024, retomamos o sonho e começamos a estruturar o projeto - relata Fell.
Decoração temática
A loja de Gramado terá café, restaurante e bar, além de parte externa com decoração temática chamada de "jardim das xícaras". Ficará aberta ao longo de todo o dia. Vão compor a unidade um torrador e um espaço dedicado à venda de cafés, xícaras e outros itens em referência à cidade.
A unidade de Gramado será a 48ª do Quiero Café no Estado. No total, a rede tem 69 lojas, distribuídas por Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais. _
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