07 de janeiro de 2013 |
N° 17305
CAPA
Em novo compasso
Com mudanças aprovadas em lei,
Ospa busca voltar a ser uma orquestra de ponta
Uma das principais orquestras da
América Latina. É para esse objetivo que caminha a Ospa em 2013. Com um plano
de carreira aprovado recentemente e o avanço das obras de sua sala sinfônica, a
instituição espera retomar a grandeza que seu nome evoca.
Amarcha é resoluta. Até abril,
uma nova sala de ensaios, no Centro Administrativo, deve substituir a atual,
improvisada em um dos armazéns do Cais do Porto. Também será reativada a escola
de música da Ospa (que ensinará a 250 crianças e jovens prática e teoria de
música orquestral). A notícia de maior impacto, no entanto, são o reajuste da
remuneração dos músicos e a implantação de um plano de cargos, que cada vez
mais se impunham como questões de sobrevivência para a orquestra que já esteve
entre as maiores do país.
– Vínhamos perdendo músicos que
iam em busca de melhores salários. E pior: sem condições de trazer outros,
porque não havia condições de oferecer nada melhor do que outras orquestras –
afirma o secretário de Estado da Cultura, Luiz Antonio de Assis Brasil, ele
próprio músico da orquestra nas décadas de 1960 e 70.
Sancionada por Tarso Genro em 28
de dezembro de 2012 e publicada no Diário Oficial no último dia do ano, a lei 14.183
injeta ânimo na direção e nos 83 músicos da Ospa, ao instituir o plano de
cargos e salários, o quadro novo de funcionários e as vagas que faltam tanto
para a orquestra quanto para sua administração. Para o presidente, Ivo
Nesralla, “foi o fato mais importante a acontecer com a orquestra”:
– Quando entrei na Ospa pela
primeira vez, em 1983, essa demanda já era antiga Busquei por anos esse plano,
que agora foi possível graças ao empenho do secretário Assis Brasil e do
governador Tarso Genro.
Diretor artístico da Ospa, o
maestro Thiago Flores não tem dificuldade em enumerar algumas baixas:
– Hoje nos faltam cerca de 40
músicos. Duas harpas, quatro trompas, trombone baixo, duas flautas, um fagote e
muita gente nas cordas.
O prejuízo pode ser traduzido em
termos práticos. Para executar obras como a sétima sinfonia de Mahler,
apresentada pela primeira vez em solo gaúcho em novembro, é necessária a
contratação de cerca de 20 músicos – carência que em breve será passado.
Em janeiro, Flores e Assis Brasil
esperam dar encaminhamento ao pedido de concurso para completar o quadro
efetivo de 170 novos funcionários, entre músicos, professores, técnicos e
analistas. A expectativa é de que em agosto seja realizado o processo seletivo
– o passo definitivo para a construção de uma orquestra renovada para receber a
nova casa, cuja conclusão está prevista para outubro de 2014.
Vitrine cultural do atual
governo, a sala sinfônica é a menina dos olhos de Assis Brasil, que vê ali o
espaço em que a Ospa poderá seguir cumprindo sua vocação de democratizar o
acesso à música erudita, recebendo velhos e novos admiradores – e também
aqueles para quem sinfonias são coisa de outro mundo:
– Tem pessoas simples que
demonstram muito carinho pela sala. Encontrei um senhor que me disse uma coisa
linda: “Olha, não gosto dessas músicas de enterro, gosto mais é de pagode, mas
eu quero muito ver essa obra pronta para me orgulhar dela”.
Entre os músicos, a dobradinha
plano de carreira e sala sinfônica forma uma realidade que só agora deixa de
parecer miragem.
– A sala sinfônica parecia tão
impossível quanto o novo quadro de pessoal – conta o tubista Wilthon Matos,
presidente da Associação dos Funcionários da Fundação Ospa (Affospa). –
Começamos a acreditar que, realmente, o Estado terá uma orquestra sinfônica de
nível internacional dentro de uma sala que vai ser referência na América
Latina.
fernando.correa@zerohora.com.br
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