10 de março de 2016 | N° 18469
EDITORIAIS
MINISTÉRIO PARA LULA
A pretensão de petistas e partidos da base aliada de transformar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ministro do governo Dilma Rousseff só pode ser vista como estapafúrdia e não tem como prosperar. Embora relute em aceitar a ideia, o próprio ex-presidente já se valeu dela quando estendeu ao cargo de presidente do Banco Central as prerrogativas de ministério, justamente para evitar que o dirigente da instituição, na época, precisasse responder em primeira instância.
Uma eventual concretização, neste momento, do desejo de colocar um “Pelé em campo”, como chegou a comparar um ministro, significaria uma verdadeira aposta na impunidade. Basta observar a demora no andamento das ações da Lava-Jato envolvendo políticos com foro privilegiado, que só podem ser processados no Supremo Tribunal Federal (STF).
A diferença no ritmo das ações é flagrante entre os que são julgados em primeira instância e os que dependem de uma decisão do Supremo. É o que ocorre nos casos de integrantes do Congresso e do primeiro escalão federal, no qual alguns petistas gostariam de incluir o ex-presidente, na intenção de livrá-lo de explicações perante o juiz Sergio Moro e, eventualmente, até mesmo de prisão.
A intenção é tão absurda, que dificilmente o governo confirmará qualquer decisão nesse sentido. Uma eventual rendição às pressões seria admitir a culpa do acusado, que precisa ter assegurado o direito de se defender, e debochar da inteligência dos brasileiros que exigem justiça e combate à corrupção. Momentos como esses deveriam se prestar é para uma revisão na concessão desse privilégio, que cria uma distinção, na maioria das vezes, injustificável entre os brasileiros.
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