quinta-feira, 10 de março de 2016



10 de março de 2016 | N° 18469 
DAVID COIMBRA

Amo o PMDB

Acho que amo o PMDB. Que Pugliesi! Que Charlize! Gostoso é o PMDB.

Só o PMDB consegue ser o que é, que é tudo e nada ao mesmo tempo, sim e não, azul e vermelho, bom e ruim, céu e mar e todo o resto ou nada disso, muito antes pelo contrário.

Raul definiu o PMDB ao tentar se definir: “Eu sou, eu fui, eu vou”. O PMDB é, foi, vai e também não é, não foi e não vai.

Pense nos chatolas do Brasil de hoje, a todo momento apontando o dedo e latindo: você é isso, você é aquilo. Eles querem posições. Eles querem definições. O que eles conseguem dizer sobre o PMDB?

Nada. Ante a majestosa manemolência mole, flácida e frouxa, intangível e invisível, insípida, incolor e inodora, falange, falanginha e falangeta do PMDB, eles balbuciam:

– É... Ninguém vence o PMDB, nem o tempo, nem a Justiça, nem os elementos. O PMDB é um Titanic que nem Deus afunda. O PMDB resistiria a uma dividida com o William.

Meu amor pelo PMDB, que já se insinuava em meus aurículos e ventrículos desde os tempos do logro delicioso do Plano Cruzado, esse amor explodiu em urgência dias atrás, quando soube que esse partido lindo fará convenção no sábado e discutirá a saída do governo sem sair dos postos do governo.

Adorei isso. Ou, como se diz nas novelas da Globo: a-mei. Os ministros peemedebistas, por exemplo, ficarão todos em seus empregos, mesmo que o PMDB seja contra o governo. Tem lógica.

Sim, porque todo mundo sabe que o PT, esse outro partido querido, inventou um monte de ministérios, exatamente, para dá-los ao PMDB. Essa é a utilidade dos ministérios. Ah, e também para salvar uns e outros da cadeia.

Aliás, o governo Dilma já soma 20 ministros acusados de ilegalidades. Mais um, menos um, não faz a mínima diferença. Você, contribuinte que paga o salário dos ministros, o salário dos assessores do ministro, o salário dos motoristas do ministro, a gasolina do carro do ministro, o carro do ministro e a casa do ministro, você que deixe de ser mesquinho.

Pague quieto aí. Seu coxinha!

Quem reclama por ter que pagar por um ministério inútil, comandado por um ministro que não entende nada do que comanda e que não precisa nem ser favorável ao governo do qual faz parte, quem reclama disso, obviamente, não entende a natureza generosa do brasileiro. O verdadeiro brasileiro é como um diretor de empreiteira, que não se apega a bens materiais, tanto que, sem nenhum motivo, doa dezenas de milhões de reais para ex-presidentes.

Aliás, isso me lembra que ontem vi a foto exatamente do ex-presidente Lula reunido com um dos maiores líderes do meu, do seu, do nosso PMDB, Renan Calheiros.

Renan entregava uma edição da Constituição brasileira a Lula, como símbolo de crítica à Operação Lava-Jato. Foi, de fato, uma cena emblemática: Renan e Lula, juntos, de um lado. A Lava-Jato de outro. Você, que não é o PMDB, já sabe para onde tem de ir.

Nenhum comentário: