07
de agosto de 2014 | N° 17883
L.F.
VERISSIMO
O outro
debate
Não
faz muito, 150 mil pessoas se manifestaram nas ruas de Tel Aviv contra a
política do governo israelense em relação aos palestinos e pela criação de um
estado palestino na região. Aqueles que se apressam em atribuir qualquer
crítica a Israel ao antissemitismo talvez possam explicar a presença de 150 mil
antissemitas em Tel Aviv. O Haaretz é o principal jornal de Israel e um dos
mais importantes e respeitados do mundo.
A
posição do jornal na questão palestina é a mesma dos manifestantes de Tel Aviv.
A crítica mais informada e relevante à política da direita no poder em Israel é
feita nos seus editoriais e nas colunas de colaboradores como Gideon Levy,
citado por Noam Chomsky num recente artigo deste para a revista The Nation, e
que é apenas um exemplo dos muitos intelectuais, escritores, artistas, homens
públicos e outros cidadãos de Israel que se opõem às ações do seu governo – e
não são antissemitas.
Antes,
preocupam-se em evitar que a maior conquista da anti-diáspora judaica, a
construção de uma sociedade moderna, democrática e pluralista numa paisagem
inóspita, seja frustrada não pelas areias do deserto, mas pelo radicalismo.
É
óbvio que a eleição de um governo duro como o liderado por Netanyahu é
consequência da ameaça à segurança e à sobrevivência do Estado de Israel, mas
Netanyahu não é a cara de Israel, muito menos da cultura e da história do Povo
do Livro, e o mandato dado à direita pelo eleitorado não inclui a autorização
expressa de matar civis e crianças para fechar túneis, uma missão de difícil
compreensão.
Nos
debates que se travam no mundo inteiro sobre os direitos e as culpas dos dois
lados no atual conflito, tem-se dado pouca atenção a este outro debate, dentro
de Israel e antigo como ele, entre direita e esquerda, teocratas e laicos,
falcões e moderados, e que no fundo, sem literatura, é uma disputa pela alma do
país. O Moacyr Scliar, escritor judeu, laico, homem de esquerda, entusiasmado
pela experiência social que transcorria em Israel, mas preocupado com os
efeitos da radicalização no seu futuro, pregava menos explosão e mais moderação
no Oriente Médio. Foi chamado de antissemita.
A
NÃO PERDER
Começa
hoje no Salão de Atos da UFRGS a programação do Unimúsica em homenagem a
compositores gaúchos, e já começa por cima: Radamés Gnattali, tocado por Olinda
Allessandrini, Oscar Bolão, Zeca Assumpção, Toninho Ferragutti e Paulinho
Fagundes, com direção de Arthur de Faria.
E
olha o que vem por aí: Barbosa Lessa por Yamandu Costa e Camerata Campeana,
Octavio Dutra por Hamilton de Holanda e Regional Espia, Nei Lisboa por Ná
Ozzeti e Camerata Unimúsica, Armando Albuquerque por Celso Loureiro Chaves,
Mirna Spritzer e convidados, Vitor Ramil por Chico César e, meu Deus, Lupicínio
Rogrigues por Adriana Calcanhoto! Entrada: um quilo de alimento não perecível.
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