04 de agosto de 2014 | N° 17880
ARTIGO - NAELE
OCHOA PIAZZETA*
A MINHA PÁTRIA
“A minha pátria não é florão, nem ostenta lábaro não; a
minha pátria é desolação de caminhos, a minha pátria é terra sedenta e praia
branca; a minha pátria é o grande rio secular que bebe nuvem, come terra e
urina mar. Não te direi o nome, pátria minha. Teu nome é pátria amada, é
patriazinha.”
Assim Vinicius de Moraes imortalizou seu sentimento e a
forma pela qual via o Brasil. Sem ufanismos, com a simplicidade das palavras
que falam ao coração.
Expurgamos os rescaldos da Copa do Mundo discutindo
exaustivamente o futebol brasileiro. Esmiuçamos nossas falhas e replanejamos
nosso futuro como o “país das chuteiras”!
É impossível deixar de fazer a associação entre a
importância que se deu ao resultado do Mundial de Futebol com o Relatório sobre
Capital Humano do Fórum Econômico Mundial.
Na educação primária, foram avaliados 148 países. O Brasil
obteve o humilhante 129º lugar! Por incrível que pareça, ficamos atrás de Haiti
e Burkina Faso, onde o índice de alfabetização é quase inexistente.
Não houve vergonha ou choro incontrolável pelo nosso pífio
desempenho nesta área. Pelo contrário. O ministro da pasta veio a público
comemorar o salto em qualidade de uma posição no IDH, dando a entender que tão maravilhoso
desempenho englobava toda a pesquisa do Fórum. Talvez, sob a sua ótica, valha o
raciocínio de que, se temos mais celulares do que banheiros, avançamos!
O país com o qual sonho não é o das chuteiras. É,
primordialmente, o da educação, pois com ela virão a saúde, a segurança
pública, a politização e a igualdade.
Não é o de doutores, pois o conhecimento não tem lugar
cativo apenas na educação superior. Conhecimento é saber ler e compreender o
que se lê. É escrever, e não só o nome para fugir à classificação de
analfabeto. É o somatório de aprendizagens que vem lenta e progressivamente
desde o berço.
Investir seriamente na educação. Traçar objetivos, fornecer
aporte financeiro contínuo, desimportando o partido político de quem venha a
ocupar o cargo maior da nação. Esforço-me para crer que o povo e os políticos
perseguem os mesmos objetivos. Outra
razão não existe para que votemos neles.
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