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segunda-feira, 10 de novembro de 2008
10 de novembro de 2008
N° 15785 - LF VERISSIMO
Pivôs
O golfe, o tênis e as corridas de Fórmula-1 eram atividades típicas de brancos. Até pouco tempo não se concebia um negro num country club a não ser como carregador de tacos ou, com raras exceções (como Arthur Ashe há alguns anos), numa quadra de tênis a não ser como gandula, ou que nome tenha aquela garotada que junta as bolas.
E um negro chegar a campeão de Fórmula-1 era tão inimaginável como um dia um negro chegar a presidente dos Estados Unidos.
Hoje Tiger Woods é o melhor golfista do mundo e, dizem alguns, de todos os tempos, as irmãs Venus e Serena arrasam nas quadras de tênis e Lewis Hamilton acaba de ganhar o campeonato de Fórmula-1 do ano. Quer dizer – estava claro que ia dar Obama.
Já se disse que as eleições presidenciais americanas são tão importantes, que todo o mundo deveria votar nelas. Alguns foram mais longe e, depois da reeleição de Bush, disseram que todo o mundo deveria votar nas eleições presidenciais americanas menos os americanos.
Mas a eleição de Obama os redimiu. Ele certamente vai entrar na lista dos presidentes “pivotais” que nos últimos 80 anos redirecionaram a história dos Estados Unidos, nem sempre para o lado certo, pelas suas personalidades ou pelas suas ações.
A começar por Franklin Roosevelt, cuja situação ao tomar posse na presidência do país mergulhado numa crise econômica cujo epicentro também era Wall Street mais se parece com a de Obama, hoje, e que também inspirou a nação a mudar para se salvar.
Outro “pivô” histórico foi Kennedy, que tem em comum com Obama o fato de se destacar mais pelo impalpável – carisma, fotogenia etc – do que por competência provada, e por também ter vencido um preconceito supostamente irreversível contra uma minoria, no caso os católicos, para chegar aonde chegou.
De Kennedy hoje se diz que teve mais fulgor do que substância, ou que lhe faltou tempo para ser um presidente que correspondesse a sua imagem de juventude e novidade.
Mas, durante o pouco tempo que teve, a imagem eletrizou o país. Do mesmo jeito, a importância simbólica da eleição de Obama talvez seja a sua única importância, mas já é o suficiente para fazer história.
Outro “pivotal” foi Ronald Reagan, que se elegeu dizendo que o governo não era a solução, era parte do problema, a frase que inaugurou a era de desregulação e permissividade que deu na crise de agora, e que, com todo o mundo financeiro dependendo da ação de governos para solucionar seus problemas, ganhou uma ironia amarga.
Com este pivô, o Obama não tem nada a ver
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