Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
03 de novembro de 2008
| N° 15778 - LF VERISSIMO
De volta
Quem vive de dar palpites corre um risco quando tira férias. Pode confundir a desobrigação de dar opiniões com a desobrigação de ter opiniões, ou até mesmo de pensar.
Nas férias optamos pela desatenção com as coisas sérias e, mesmo não saindo de casa, adotamos a desculpa do turista: esteja onde estiver, você não é dali. Aconteça o que acontecer, você não tem nada com isso.
Está de férias, saudavelmente burro. E um palpiteiro que volta das férias se vê obrigado a religar os circuitos, testar o motor, ajustar o foco, se informar sobre o que houve na sua ausência e produzir uma opinião, mesmo fora de fora, em dois minutos.
Estas férias foram diferentes, porque a burrice programada não funcionou. Ignorar a crise foi impossível, porque ela era o único assunto do mundo.
Se ainda fosse preciso provar que a globalização é um fato e a interligação das economias uma fatalidade, esta grande conquista do capital foi, paradoxalmente, provada pela sua precariedade: Wall Street adoeceu e os sintomas foram sentidos em toda a Terra, mesmo por quem – como turistas em férias – achava que não saber de nada o isentava.
Hipotecas de risco, derivativos inventados... Não ter nada a ver com isso não livra ninguém de perder seu emprego porque financistas americanos não souberam distinguir boa ganância (“greed is good” foi o lema dos anos de euforia) de ganância demais.
Pelo menos a crise está servindo para restituir um pouco de indignação moral nas pessoas com relação a extremos de desigualdade, ao nível do puro ressentimento, como não se via desde que o capitalista deixou de ser objeto de caricatura – charutão na boca, dólares espirrando dos bolsos, pisando no proletariado – e virou herói cultural.
De repente “pára-quedas douradas”, as indenizações milionárias pagas a executivos para amainar sua queda de um alto posto, também passou a ser um termo global, como exemplo dos excessos que deram nisto.
Com a crise, estamos tendo uma educação em neo-economês e ao mesmo tempo uma depuração de conceitos, que a globalização e a pregação neoliberal ofuscaram um pouco.
Entre eles, o de que o mercado pode funcionar ou não, se autocorrigir ou não, mas nunca será melhor do que o caráter dos seus bandidos.
É a minha opinião. Foi o que deu para pensar em tão pouco tempo.
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