segunda-feira, 2 de junho de 2008


Jaime Cimenti

O jornal de papel vai morrer?

O destino do jornal, livro escrito por Lourival Sant´Anna, reflete sobre três grandes jornais brasileiros (Folha de São Paulo, Globo e O Estado de São Paulo) e pensa a respeito do futuro da mídia impressa.

Lourival não coloca epitáfio no jornal de papel, mas diz que a concorrência acirrada, as mudanças de hábito dos leitores e as inovações tecnológicas respondem pela crise do setor. Jornais impressos existem há séculos e não devem morrer tão cedo ou tão tarde.

Volta e meia alguém diz que o teatro, o cinema, o livro, Deus, o romance, o amor, a família e não sei mais o que ou quem morreram. Só não morrem mesmo os arautos dos apocalipses vários, com suas bocas cheirando a enxofre e suas previsões mais furadas do que os depoimentos nas CPIs.

O jornal impresso se presta para trabalhos, pesquisas e leituras mais densos e aprofundados; para análises, interpretações e comentários que são mais difíceis ou impossíveis de serem feitos via mídia eletrônica.

De mais a mais, só o jornal de papel pode ser encontrado na soleira da porta pela manhã, anunciando o novo dia e convidando para uma leitura no banheiro ou na mesa do café. Jornal impresso serve para proteger a cabeça da gente de uma chuvarada imprevista e é de muita utilidade, como colchão ou cobertor, para quem anda por aí sem casa, "morador de rua" na língua tucana.

Se a piazada da geração som-imagem ficar só com a internet, a tevê e outros meios eletrônicos e largar de mão os jornais, pode ser que os impressos, no futuro, sejam lidos apenas em museus.

Difícil prever. Por enquanto, é aproveitar para ler os jornais em casa, nas praças, cafés, rodoviárias, táxis, trens, metrôs, praias, aeroportos, salas de espera, presídios, banheiros, nos confortáveis sofás dos "halls" dos hotéis e onde mais o leitor preferir.

No silêncio e na solidão de um café, o jornal impresso é companhia mais aconchegante, elegante e confortável do que um notebook.

Isso além de ele não enguiçar e de possibilitar conversas e aproximações com outras pessoas. Pedra, papiro, papel, impressora, computador, rede, telepatia etc.

No fim tudo vale. Só não vale ficar sem palavras, poemas, histórias, notícias e comentários para dar e receber. A linguagem e a comunicação humanas só acabam quando a gente acabar. Mas estou me achando e me sentindo meio vivo e nada a fim de falar sobre morte.

Viva o jornal! Campai, longa vida para o jornal de papel. Ele e o livro são os melhores amigos dos olhos, do trabalho, do ócio, das mãos e da imaginação criativa.
Jaime Cimenti

Ótima segunda-feira e uma excelente semana.

Nenhum comentário: