terça-feira, 10 de junho de 2008



10 de junho de 2008
N° 15628 - Paulo Sant'ana


Desacato retórico

Há momentos em que, em meio à dramaticidade do momento político gaúcho, algumas cenas assumem características que beiram a comicidade.

A deputada estadual Stela Farias (PT) estava interrogando ontem o ex-secretário da Casa Civil Cézar Busatto na CPI do Detran.

A deputada se demorava nas perguntas, com longas perorações em torno delas. Quando passava a pergunta para o secretário, este começava também a sua peroração. A deputada então reclamou: "Diga só sim ou não!".

O secretário afirmou: "Quero protestar contra a maneira safada com que a senhora está me interrogando".

A deputada: "Safada! Senhor presidente, ele está me chamando de safada!".

O presidente Fabiano Pereira, do PT: "Cuidado com as palavras, este adjetivo safada já está beirando o desacato".

Cézar Busatto (veemente, de dedo em riste): "Eu não chamei a deputada de safada. Exijo que o senhor retire este termo dos anais. Exijo! Vamos chamar as gravações, não chamei...".

O presidente: "Está interrompida a sessão".

E saíram todos, deputados e assessores jurídicos, para discutir se tinha havido desacato ou não (possibilidade de prisão em flagrante do depoente).

A governadora surpreendeu ontem ao decidir que todos os secretários de Estado e funcionários com cargos em comissão colocarão seus postos à disposição dela, formando um gabinete de transição.

A governadora deve saber que é muito mais difícil formar um governo do que desconstituí-lo: a missão de escolher novos secretários não vai perturbar a governabilidade, desde que a governadora passe a dar mais atenção a ela do que às tarefas de governo?

Espero que seja uma renovação nos quadros do secretariado que não atinja, por exemplo, a secretaria da Saúde, na qual Osmar Terra tem uma excelente gestão, apesar das dificuldades orçamentárias.

Uma das iniciativas cheias de criatividade de Osmar Terra são os convênios realizados entre o Instituto de Cardiologia, do qual a Secretaria da Saúde é provedora, com vários hospitais e prefeituras do Interior, pelos quais os pacientes de doenças cardiológicas de inúmeras cidades podem ser atendidos em seus municípios, sem necessidade de virem à Capital, com estreito monitoramento técnico e de conhecimento do Instituto de Cardiologia.

A expansão dos serviços médicos de Porto Alegre para o Interior é medida da melhor equação, caminhando no contrafluxo histórico dos hospitais do Interior que encerram seus serviços e abarrotam com isso os hospitais de Porto Alegre.

Não se compreende que pacientes de localidades distantes daqui da Capital, para se tratarem de quaisquer moléstias cardiológicas, incluindo a hipertensão, tenham de deslocar-se em viagens longas e cansativas, muitas vezes sem ter como custeá-las. E vir competir aqui com doentes locais e dos municípios vizinhos.

Está certo Osmar Terra em levar à frente esses convênios.

Mais três pessoas, todas elas idosas, foram abatidas por cães pitbulls. Uma delas em Passo Fundo.

A senhora passo-fundense caminhava por uma estradinha rural quando dois pitbulls a atacaram. Arrastaram-na por cinco metros, enquanto a destroçaram.

Nos três casos, instintivamente, a provar que esta raça é monitorada por herança genética de destruição apurada, as vítimas foram atacadas no pescoço.

Sempre escrevo que se imagine a dor e o terror que são impostos a essas pessoas, algumas delas abatidas a mordidas que duram vários minutos.

Não dá para entender mesmo como podem os pitbulls participarem do convívio social.

São centenas, milhares de vítimas ao longo do tempo.

E ninguém acautela a vida dos que tombam.

E que pode ser qualquer um de nós.

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