Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
04 de junho de 2008
N° 15622 - Sergio Faraco
Ernani Chagas
O poeta Ernani Chagas, nascido em Santa Maria em 1898, é um desconhecido.
Um tanto a responsabilidade é dele, pois escrevia seus versos em mesas de cafés, e ao publicá-los na imprensa costumava assiná-los com pseudônimos, sobretudo o de Ricardo Severo. Não surpreende, então, que seu nome não seja familiar para seus conterrâneos.
De resto, em vida não publicou livro algum. Após sua morte, os irmãos Eurico e Emir Chagas reuniram-lhe os poemas e outros escritos em volume para o qual podiam ter escolhido um título menos óbvio: Livro Póstumo.
O livro lhe traz a foto, no jardim da casa. De terno escuro e gravata, sentou-se na cadeira e cruzou as pernas. Os braços também estão ligeiramente cruzados e, na mão esquerda, entre o indicador e o médio, segura um cigarro.
Calça borzeguins. Atrás dele, parte do jardim, uma porta e três venezianas abertas. Ele olha diretamente para a lente e sua fisionomia é tranqüila, suave, mas atenta.
Ernani era bom de piano e gaita, que tocava de ouvido. Pintava aquarelas e fazia caricaturas de seus amigos, para depois enviá-las pelo correio. Cá estou a imaginar que foi uma pessoa encantadora e que talvez esse encanto se mostre em alguns de seus sonetos, como o que segue:
CONTRADIÇÕES
Esquisita, nervosa, pequenina,
de olhos tristes e de fundas olheiras,
tem um vago gemer de casuarina
o seu andar sutil como o das freiras.
Transparece no rosto, à pele fina,
um ríctus de amarguras derradeiras,
e tem na leve compleição franzina
o talhe esguio e nobre das palmeiras.
Em certas vezes quando a vejo, creio
que o lindo gesto, de incontido enleio,
é uma eterna promessa para alguém.
E ela que sabe do meu abandono,
volve-me o rosto com gracioso entono
e ri de mim porque lhe quero bem!
Este soneto tão delicado foi escrito por um moço que morreu aos 22 anos, assassinado.
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