Entrelacos

04 de junho de 2008
N° 15622 - David Coimbra

Tudo bem, eu me desculpo

Volta e meia ouço alguém dizer: - Sou muito duro comigo mesmo! Não me perdôo com facilidade, ah, não, não me perdôo, nãnãnã!

Já eu me perdôo facilmente. Cometo um erro e digo para mim mesmo: - Tudo bem, você não fez por mal, velhinho. Você é um cara legal. E me desculpo. Passo a mão na minha cabeça, manja?

Já pensou se fosse ser inclemente comigo mesmo em todos os erros que cometo? Eu tornaria a vida insuportável para mim. Se cometesse poucos erros, aí era outra história. De vez em quando eu erraria e me censuraria: - Você fez muito mal, rapaz! Muito mal!

Mas, não. Vivo errando. Então, sou legal comigo. Sou um bom amigo para mim. Nunca falho com a minha pessoa. Até porque já bastam as dezenas de pessoas loucas para apontar os defeitos que tenho e até alguns que não tenho. Os outros que me critiquem, portanto. Eu quero é me consolar. Alguém tem que ser tolerante comigo, afinal!

Esse é um discurso corrente no futebol: técnicos e jogadores vivem a repetir que são seus juízes mais inclementes, que eles são muito exigentes e bibibi. Pode ser uma postura interessante, admito. Mas só para zagueiros. O zagueiro tem que sentir medo pânico de erro. O zagueiro precisa adotar a política do risco zero, da segurança total.

O centroavante? O contrário. O centroavante necessita de perdão como o meu nenê necessita de leite todas as manhãs. Um centroavante que é exigente demais consigo mesmo perde a naturalidade. E erra.

Edmundo ficou tão abalado com um pênalti perdido que quis parar de jogar futebol. Pediram que voltasse, ele voltou. Não devia. Um atacante com remorsos tem que dedicar-se ao futebol, sim, mas é pelo peipervil.

Assim esse negócio de falar mal. Quando um treinador enumera seus méritos, ele sempre diz:

- Falo o que tenho de falar cara a cara, olho no olho. Não falo de ninguém pelas costas.

Eu aqui prefiro que falem mal de mim pelas costas. Muito desagradável, isso de alguém falar mal de mim na minha frente. Criticar-me na minha presença, por favor! Chato. Se eu estiver por perto, por favor, limitem-se aos elogios.

Os três maiores livros de todos os tempos

Adoro listas e seleções. Dia desses, a leitorinha Ana Paula Rocha perguntou quais são os três livros mais importantes da minha vida. E agora? Quantos livros já li? Na minha pequena biblioteca tenho uns quatro mil. Pelo menos 1.500 estão virgens como bandeirantes. Li vários outros que não estão lá, evidentemente, mas qual é a quantidade?...

Se mantiver uma média de um por semana, leio 50 por ano, 500 em 10 anos, 2.000 em 40 anos. Mas pode ser mais. Ou menos. É possível um homem escolher três em 2.000? Não, óbvio que não. Mesmo assim, não me esquivei. Listei para a Ana Paula:

"A História da Civilização", de Will Durant, meu historiador preferido. "Declínio e Queda do Império Romano", de Gibbon, o historiador preferido de Will Durant.

E: "Rumo à Estação Finlândia", de Edmund Wilson, o jornalista preferido de Paulo Francis, que era o meu jornalista preferido.

Bem.

O Nando Gross está montando a Seleção Brasileira de todos os tempos. Passamos um bom tempo discutindo, aqui no Esporte, qual seria a Seleção ideal. Reuni alguns dos nossos escolhidos e agora coloco à disposição de você, prezado leitorinho, para que você mesmo escolha. Ei-los:

Goleiros
- Manga, Gilmar e Taffarel.

Laterais-direitos
- Carlos Alberto, Djalma Santos, Leandro e Nelinho.

Laterais-esquerdos
- Nilton Santos, Júnior e Marinho.

Zagueiros
- Domingos da Guia, Belini, Mauro, Calvet, Mauro Galvão e Luís Pereira.

Volantes
- Falcão, Clodoaldo e Zito.

Meias
- Zizinho, Didi, Rivellino, Zico e Ronaldinho.

Atacantes
- Garrincha, Pelé, Tostão, Romário, Ronaldo, Leônidas, Friedenreich e Jairzinho.

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